A mãe biológica do homem de 32 anos que foi resgatado após ser mantido em cativeiro por mais de 20 anos em Connecticut, nos Estados Unidos, disse que passou décadas procurando pelo filho, cuja custódia perdeu quando ele ainda era bebê. Em entrevista à emissora norte-americana NBC News na segunda-feira (17), a mulher disse que soube do aparecimento do filho pela irmã dela. “Minha irmã me ligou enquanto eu estava no trabalho e disse que havíamos encontrado ele. Nós o encontramos”, contou. “Estou com o coração partido. Ainda não consigo entender. Como alguém pode tratar alguém assim?”, disse. Ela e a filha -- meia-irmã da vítima, hoje com quase 35 anos -- disseram que tentaram localizar o homem por anos, mas sem sucesso. “Eu só quero que ele saiba que ele tem uma irmã mais velha, e eu sempre soube que ele existia, e eu sempre o amei, e eu sempre tentei encontrá-lo. Eu o procuro há mais de uma década”, disse a meia-irmã. Segundo ela, não havia registros do homem em redes sociais, tribunais ou bancos de dados genealógicos.Durante a entrevista, a mãe, que preferiu não se identificar, disse estar “orgulhosa” do filho por ter conseguido escapar do confinamento imposto por sua madrasta, Kimberly Sullivan, de 56 anos, e pediu punição severa para a acusada. O caso veio à tona em 17 de fevereiro, quando o homem, encontrado em estado de extrema desnutrição, com apenas 31 quilos, ateou fogo ao pequeno cômodo onde era mantido trancado na casa da família. Segundo o Departamento de Polícia de Waterbury, ele confessou ter provocado o incêndio como um ato desesperado por liberdade, após ser submetido a abusos, fome e negligência desde os 11 anos. Sullivan foi presa quase um mês depois. Ela enfrenta acusações de agressão, sequestro, contenção ilegal, crueldade e perigo imprudente.Segundo a polícia, o homem vivia em um quarto de cerca de 2,5 por 2,7 metros desde a quarta série. Ele era liberado por curtos períodos diários para realizar tarefas, recebendo apenas dois sanduíches e o equivalente a duas garrafas pequenas de água por dia. Para escapar, ele usou um isqueiro, desinfetante para as mãos e papel para iniciar o incêndio que o libertou.A mãe biológica exigiu justiça não apenas contra Sullivan, mas contra todos na casa que, segundo ela, sabiam da situação. “Todos naquela casa precisam ser responsabilizados, e ela precisa passar o resto da vida em confinamento solitário, com dois copos de água por dia”, disse. Apesar da dor, ela mantém a esperança de um reencontro. “Ele tem todo mundo aqui, de ambos os lados da família, que o amam e o procuraram. Ele é tão forte, e estou tão orgulhosa dele por fazer o que precisava fazer.”O advogado de Sullivan, Ioannis Kaloidis, nega as acusações e afirma que a cliente é inocente. “Ela não estava controlando nada na vida dele. Após a morte do pai biológico dele, em janeiro de 2024, ela continuou mantendo a casa e fornecendo abrigo”, disse à NBC News. De acordo com a imprensa norte-americana, Sullivan permanece detida enquanto o caso é investigado. O homem resgatado está em tratamento médico.