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Manifestante e oficial morrem em protestos contra militares no Sudão

Um homem que participava de manifestação foi baleado no estômago por forças de segurança; o oficial era general da polícia

Internacional|Do R7

Milhares de manifestantes foram às ruas de Cartum para protestar mais uma vez
Milhares de manifestantes foram às ruas de Cartum para protestar mais uma vez Milhares de manifestantes foram às ruas de Cartum para protestar mais uma vez

Um manifestante e um general da polícia morreram nesta quinta-feira (13) em novos protestos contra o golpe de Estado no Sudão, reprimidos com gás lacrimogêneo, em mais um episódio de violência, alguns dias após a abertura de um diálogo sob a égide da ONU.

O Sudão está imerso em uma crise política desde 25 de outubro, quando houve o golpe de Estado, liderado por Abdel Fatah al Burhan, comandante-chefe do Exército.

A repressão lançada pelas forças de segurança já deixou 64 mortos entre os manifestantes, segundo fontes médicas pró-democracia.

A última vítima, até esta quinta-feira (13), foi morta "por uma bala no estômago", durante protestos num subúrbio do norte de Cartum, informaram as mesmas fontes.

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Anteriormente, pela primeira vez, a polícia — que geralmente afirma ter dezenas de feridos — anunciou a morte de um de seus generais em uma passeata na capital.

Essa morte poderia mudar a situação, porque, de um lado, os manifestantes afirmam serem pacifistas, e, do outro, as autoridades acusam alguns deles de buscarem o confronto, em um país onde há milhões de armas em circulação.

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Segundo testemunhas, as forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que se reuniram no centro de Cartum.

Jornalistas presos

Além disso, a rede de televisão Al Araby, com sede em Londres, informou que uma de suas equipes foi detida enquanto cobria as manifestações. Desde o golpe, o Sudão está na mira da comunidade internacional, em razão da prisão e do espancamento de jornalistas.

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Nesta quinta-feira, apesar de tudo, a multidão gritava: "Burhan, foram os islâmicos que o levaram aonde você está!".

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Os manifestantes veem o golpe de Estado como uma forma de retorno ao regime de Omar al Bashir, uma ditadura de corte islâmico que esteve no poder durante 30 anos, em um país que, desde sua independência, há 66 anos, só conheceu governos militares. 

Além disso, o rosto civil da difícil transição já abandonou o cenário: no início de janeiro, o primeiro-ministro Abdalá Hamdok renunciou.

Os generais não conseguiram nomear um governo de civis, como vinham prometendo desde o golpe.

Nas ruas, os manifestantes afirmam que não se conformarão até que Burhan deixe o poder, depois que os protestos de 2019 derrubaram o governo de Bashir.

Em meio às manifestações, a ONU tenta reunir os principais atores políticos em uma mesa de negociações.

Na segunda-feira (10), o emissário da ONU para o Sudão, Volker Perthes, lançou o processo, concentrando-se em um início de diálogo individual, para depois avançar a uma fase de negociações indiretas.

Rejeição das ruas

O diplomata da ONU afirma que "não há nenhuma objeção" por parte dos militares, mas, entre os civis, muitos rejeitam a negociação ou pedem garantias de que o diálogo não busque "legitimar" o regime no poder.

Nas ruas, há consenso, e os manifestantes não querem nem uma "negociação", nem uma "associação" com os militares.

Por sua vez, o general Burhan alega ter apenas procedido a "corrigir o curso da revolução" e querer levar o Sudão, um dos países mais pobres do mundo, a eleições livres em 2023.

Mas seu apoio no exterior é cada vez mais escasso, e não há perspectiva de retomada da ajuda internacional, suspensa com o golpe de Estado.

No Cairo, vizinho e tradicional aliado dos generais sudaneses, o silêncio é mantido. Questionado pela imprensa, o presidente Abdul Fatah al-Sissi parece contribuir com seu apoio à iniciativa da ONU.

"A estabilidade só será alcançada com um acordo entre todas as partes e forças presentes", disse.

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