Grupos de manifestantes em Beirute, capital do Líbano, tomaram os prédios que abrigam quatro ministérios neste sábado (8), além da sede da Associação de Bancos do Líbano. A tomada dos prédios ocorreu enquanto as ruas centrais da capital libanesas eram tomadas pelo confronto entre forças de segurança e milhares de manifestantes, que seguem se reunindo nas ruas em uma demonstração da fúria popular insuflada pela megaexplosão que atingiu a cidade nesta semana.Veja também: Explosão em Beirute acrescenta mais drama a um Líbano em crise Após ocuparem o Ministério das Relações Exteriores, o grupo declarou-o o "quartel-general da revolução", segundo registraram emissoras de TV em Beirute. Minutos mais tarde, o prédio do Ministério da Economia — que abriga ainda o do Meio Ambiente — também foi ocupado.Leia também: Líbano não descarta ataque externo como causa de explosão Na esteira destas ocupações, o Ministério da Energia também foi tomado por manifestantes, que cantam e gritam contra a corrupção no governo. Por último a sede da Associação dos Bancos também se encontra tomada. A mídia libanesa fala em mais de 250 feridos durante o confronto, citando fontes da Cruz Vermelha. Um terço deles tiveram de ser hospitalizados.Veja também: Mortes no Líbano passam de 150 e hospitais estão em situação crítica Autoridades afirmam que um policial morreu no confronto. A polícia confirmou à agência de notícia Reuters que foram registrados disparos de arma de fogo nas ruas, mas não ficou claro quem seria responsável por isso. Segundo o site de notícias da rede de TV Al Jazeera, o grupo que invadiu o Ministério das Relações Exteriores é liderados por militares da reserva. "Nós vamos ficar aqui. Convocamos todo o povo libanês a ocupar todos os ministérios", disse um manifestante usando um megafone, do balcão do prédio ocupado.Leia também: OMS faz apelo por R$ 81 milhões em auxílio ao Líbano, após explosão No prédio do Ministério da Economia, vídeos publicados nas redes sociais mostram os manifestantes atirando papeis e fotografias do presidente Michel Aoun pela janela. Mais cedo, autoridades libanesas confirmaram que o número de mortes provocadas pela megaexplosão subiu para 158, enquanto o número de feridos passa de 6 mil. Outras 21 pessoas são consideradas desaparecidas.Assista a vídeos sobre a explosão no Líbano: O Líbano vive uma grave crise política e econômica desde 2019. A pior crise econômica desde a guerra civil (1975-1990) desencadeou no final do ano passado uma onda de 15 dias de protestos em todo o país que culminaram na renúncia do primeiro-ministro Saad al-Hariri no fim de outubro. A chamada “revolução do WhatsApp” seguiu em ebulição no início deste ano, com críticas a toda a classe política. O quadro vinha se deteriorando ainda mais com os efeitos da pandemia do novo coronavírus. A megaexplosão no porto de Beirute na terça-feira (4) agrava a situação ainda mais. A população demonstra extrema insatisfação contra a inação do governo que levou ao armazenamento de mais de 2.700 toneladas de nitrato de amônio — uma substância altamente explosiva e apontada como razão do impacto do desastre — no porto de Beirute.Leia também: Imagens de satélite mostram efeitos da explosão no porto de Beirute Além disso, a detonação destruiu praticamente por completo o porto da capital, que é porta de entrada de alimentos no país, e os silos de armazenamento de grãos que ficavam ali. Veja fotos da explosão em Beirute: