A SpaceX adiou a missão prevista para esta quarta-feira (12) para trazer de volta à Terra e substituir dois astronautas norte-americanos que estão presos na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) há nove meses. O motivo do atraso foi um problema técnico de última hora detectado no sistema hidráulico da plataforma de lançamento do foguete Falcon, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, segundo a Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.A decolagem levaria uma tripulação substituta à ISS, preparando o retorno de Butch Wilmore e Suni Williams. Eles enfrentam uma estadia prolongada no espaço devido a falhas na nave Starliner, da Boeing, que os traria de volta para a Terra.O comentarista de lançamento da Nasa, Derrol Nail, disse à Reuters que houve um “problema com o sistema hidráulico no solo”, mas garantiu que ”estava tudo bem com o foguete e a espaçonave em si”.A falha foi identificada menos de quatro horas antes do horário previsto para o voo, o que levou ao cancelamento da operação. Ainda não há uma data confirmada para a próxima tentativa de lançamento, mas a SpaceX e a Nasa avaliam a possibilidade de uma nova janela nos próximos dias.Em uma entrevista recente à AP, Williams descreveu a experiência prolongada como “uma montanha-russa” para suas famílias, mais do que para ela e Wilmore. “Estamos aqui, temos uma missão. Estamos apenas fazendo o que fazemos todos os dias, e todos os dias são interessantes porque estamos no espaço e é muito divertido”, disse. Ela também confessou estar ansiosa para reencontrar sua família ao voltar para casa.Wilmore e Williams, veteranos da Marinha dos EUA e pilotos de teste, chegaram à ISS em junho de 2024 para uma missão de oito dias a bordo da Starliner. Mas problemas no sistema de propulsão da nave foram considerados arriscados demais para o retorno deles, forçando a Nasa a deixá-los na estação. A Starliner voltou à Terra sem tripulação no ano passado, enquanto os astronautas aguardam uma cápsula da SpaceX, empresa do bilionário Elon Musk, para trazê-los de volta.A missão adiada, chamada Crew-10, levaria quatro tripulantes -- dois americanos, um japonês e um russo -- para substituir a dupla. Após a chegada da nova equipe, Wilmore e Williams retornariam à Terra junto com Nick Hague, da Nasa, e Aleksandr Gorbunov, da Rússia, em uma cápsula da missão Crew-9, acoplada à ISS desde setembro. A Nasa disse que a presença de astronautas americanos na estação espacial é essencial para a manutenção do local, o que impede a saída da dupla antes da chegada dos substitutos.A situação ganhou contornos políticos após intervenções do presidente dos EUA, Donald Trump, e de Musk, que pressionaram a Nasa por um retorno mais rápido dos astronautas. Ambos culparam, sem evidências, a gestão do ex-presidente Joe Biden pelos atrasos. A agência espacial norte-americana, em resposta, antecipou a missão em duas semanas, trocando uma cápsula atrasada por outra pronta. Mas o imprevisto técnico desta quarta-feira adiou novamente os planos.