O que o arsenal exibido em desfile em Pequim diz sobre a força militar da China
Aposta chinesa em mísseis nucleares e blindados com laser sugere maior poder de dissuasão frente ao Ocidente
Internacional|Do R7
LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

A China exibiu na quarta-feira (3) um arsenal de novas armas, drones e equipamentos militares em um desfile que reuniu o presidente Xi Jinping e mais de 20 chefes de Estado, incluindo o russo Vladimir Putin e o norte-coreano Kim Jong-un. A demonstração é vista como uma mensagem direta aos Estados Unidos e aliados no Ocidente sobre o alcance da modernização militar chinesa.
Entre as novidades estão mísseis de longo alcance com capacidade nuclear, drones equipados com inteligência artificial, veículos subaquáticos não tripulados e até robôs de quatro patas apelidados de lobos robóticos. O evento também foi interpretado como uma vitrine de vendas de armamentos para países aliados à Pequim e uma forma de Xi reforçar seu papel como líder global.
Especialistas afirmam que a apresentação mostra um avanço no complexo industrial de defesa da China. Michael Raska, professor da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, destacou que dez anos atrás muitos equipamentos chineses eram considerados cópias rudimentares de sistemas norte-americanos. Agora, a diversidade de armas em exibição reflete maior inovação.
Mísseis à revelia
Um dos destaques foi o míssil balístico intercontinental Dongfeng-5C, com alcance estimado em quase 20 mil quilômetros e capacidade de transportar até 12 ogivas.

De acordo com a agência de notícias norte-americana Associated Press, ele pode atingir qualquer parte dos Estados Unidos a partir da China continental. Outro modelo apresentado foi o Dongfeng-61, também intercontinental, lançado de plataformas móveis. O desfile ainda mostrou o míssil de alcance intermediário Dongfeng-26D, apelidado de “assassino de Guam”, projetado para atingir bases norte-americanas no Pacífico.
Alexander Neill, analista de defesa do Fórum do Pacífico, afirmou que a ênfase em mísseis tem relação direta com a estratégia de dissuasão da China e com a necessidade de enfrentar a superioridade naval dos Estados Unidos. Para ele, grupos de porta-aviões norte-americanos podem se tornar vulneráveis diante de ataques coordenados com mísseis hipersônicos.

Leia mais:
Laser em blindados
Além dos mísseis, a China apresentou a arma laser LY-1, montada em veículos blindados. O equipamento seria capaz de desativar sistemas eletrônicos e cegar pilotos.

Também chamou atenção o drone submarino gigante AJX-002, com cerca de 20 metros de comprimento, classificado como veículo subaquático extragrande não tripulado. Ele pode ser usado em missões de vigilância e reconhecimento.
No âmbito aéreo, o país mostrou drones furtivos de ataque, como o GJ-11, projetado para voar junto a caças tripulados e auxiliar em operações de combate. Segundo Raska, a estratégia indica que Pequim busca não apenas ampliar, mas substituir estruturas tradicionais de guerra. Ele afirmou que a China parece ter aprendido com a experiência da Rússia na Ucrânia, onde drones têm sido usados para enfraquecer defesas inimigas.
Veja o desfile aéreo composto pelos caças J-20, J-20A, J-20S, J-35A e outras aeronaves que sobrevoaram a Praça Tian’anmen nesta quarta (3):
IA e tecnologia militar
A aposta chinesa em inteligência artificial também foi evidente. Neill observou que, em batalhas rápidas, a tomada de decisão em nanossegundos pode ser decisiva e que a IA pode oferecer essa vantagem. Raska acrescentou que, enquanto muitos países ainda têm receio de colocar a IA no centro da cadeia de destruição, a China acredita poder controlá-la e está integrando a tecnologia a seus sistemas militares.
Apesar do avanço tecnológico, especialistas ressaltam que os Estados Unidos mantêm vantagem operacional. Segundo Raska, as forças armadas norte-americanas funcionam com uma cultura de baixo para cima, que permite adaptação rápida em campo. Já o exército chinês opera de cima para baixo, o que pode limitar a agilidade. “Eles podem ter plataformas chamativas, mas não moverão um dedo até receberem uma ordem de cima”, disse o analista.

O desfile também teve caráter político. Ao lado de Putin e Kim, Xi apresentou uma frente unida diante de Washington. Para Neill, a mensagem foi clara: um confronto com a China significaria enfrentar aliados em diferentes cenários ao mesmo tempo, do Estreito de Taiwan à Península Coreana.
O desfile, que comemorou 80 anos da rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ainda funcionou como um grande discurso de vendas. Países como Mianmar já compram armamentos chineses em larga escala e a presença de dezenas de delegações estrangeiras reforçou o objetivo de expandir esse mercado.
Para Raska, a China acredita que tecnologia é suficiente para criar dissuasão. “Eles acham que isso intimidará os Estados Unidos, mas no nível operacional ainda há dúvidas se conseguem entregar o que prometem”, afirmou.
Perguntas e Respostas
O que a China exibiu em seu desfile militar recente?
A China apresentou um arsenal de novas armas, drones e equipamentos militares em um desfile que contou com a presença do presidente Xi Jinping e mais de 20 chefes de Estado, incluindo Vladimir Putin e Kim Jong Un. O evento foi interpretado como uma mensagem aos Estados Unidos e aliados sobre a modernização militar chinesa.
Quais foram as principais armas e tecnologias mostradas?
Entre as novidades estavam mísseis de longo alcance com capacidade nuclear, drones com inteligência artificial, veículos subaquáticos não tripulados e robôs de quatro patas. O mísseis balístico intercontinental Dongfeng-5C, com alcance de quase 20 mil quilômetros, foi um dos destaques, podendo atingir qualquer parte dos Estados Unidos a partir da China continental.
Qual foi a análise dos especialistas sobre a apresentação?
Especialistas afirmam que a apresentação demonstra um avanço no complexo industrial de defesa da China. Michael Raska, professor da Universidade Tecnológica de Nanyang, destacou que a diversidade de armas reflete maior inovação em comparação a dez anos atrás, quando muitos equipamentos eram considerados cópias rudimentares.
Como a China está abordando a estratégia de dissuasão militar?
A ênfase em mísseis está relacionada à estratégia de dissuasão da China, que busca enfrentar a superioridade naval dos Estados Unidos. Alexander Neill, analista de defesa, afirmou que grupos de porta-aviões norte-americanos podem se tornar vulneráveis a ataques coordenados com mísseis hipersônicos.
Quais inovações tecnológicas foram apresentadas no desfile?
O desfile incluiu a arma laser LY-1, capaz de desativar sistemas eletrônicos, e o drone submarino gigante AJX-002, utilizado para vigilância e reconhecimento. Além disso, foram mostrados drones furtivos de ataque, como o GJ-11, que auxiliam em operações de combate.
Como a China está utilizando inteligência artificial em suas forças armadas?
A China está integrando inteligência artificial em seus sistemas militares, acreditando que isso pode oferecer uma vantagem decisiva em batalhas rápidas. Enquanto muitos países hesitam em adotar a IA, a China busca controlá-la e utilizá-la em suas operações.
Qual é a posição dos Estados Unidos em relação à modernização militar da China?
Apesar dos avanços tecnológicos da China, especialistas ressaltam que os Estados Unidos ainda mantêm uma vantagem operacional. A cultura militar americana permite adaptações rápidas, enquanto o exército chinês opera de forma mais centralizada, o que pode limitar sua agilidade.
Qual foi a mensagem política do desfile?
O desfile também teve um caráter político, com Xi Jinping apresentando uma frente unida ao lado de Putin e Kim, enviando uma mensagem clara a Washington sobre a possibilidade de um confronto com a China. O evento também funcionou como uma vitrine para a venda de armamentos a países aliados.
Como a China vê a tecnologia em sua estratégia de dissuasão?
A China acredita que a tecnologia é suficiente para criar dissuasão e intimidar os Estados Unidos. No entanto, ainda existem dúvidas sobre a capacidade operacional de entregar o que prometem.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp
