ONU pede alívio de sanções à Coreia do Norte por fome no país
Situação dos norte-coreanos foi agravada durante a pandemia de Covid-19; missões humanitárias têm dificuldade de acesso à nação
Internacional|Do R7
Os mais vulneráveis da Coreia do Norte correm risco de passar fome desde que o país se isolou ainda mais durante a pandemia de Covid-19, e as sanções impostas pela ONU (Organização das Nações Unidas) em reação aos seus programas nuclear e de mísseis deveriam ser aliviadas, disse um investigador de direitos humanos da entidade em um relatório visto pela Reuters.
O agravamento da situação humanitária pode se transformar em uma crise e está coincidindo com uma "apatia insidiosa" global a respeito do sofrimento do povo norte-coreano, disse Tomas Ojea Quintana, relator especial de direitos humanos da ONU para a República Popular Democrática da Coreia.
"As sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU deveriam ser revistas e aliviadas quando necessário, tanto para facilitar a assistência humanitária e salvadora de vidas quanto para possibilitar a defesa do direito a um padrão de vida adequado dos cidadãos comuns", disse ele em um relatório final a ser apresentado à Assembleia Geral da ONU no dia 22 de outubro.
A Coreia do Norte não reconhece a autoridade de Ojea Quintana nem coopera com ele, e a representação do país em Genebra não respondeu de imediato a um pedido de comentário. Já o governo de Pyongyang não aceita perguntas da mídia estrangeira.
Em julho, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, disse que a situação alimentar estava "tensa" por causa de desastres naturais do ano passado e admitiu que os cidadãos enfrentaram sacrifícios durante a pandemia. Em abril, autoridades da Coreia do Norte classificaram um relatório da ONU sobre desnutrição infantil no país de "mentira absoluta".
Os norte-coreanos não relataram nenhum caso de Covid-19, mas impõe medidas antivírus rigorosas, incluindo fechamento de fronteiras e restrições a viagens domésticas.
Mas muitos cidadãos do país que dependem de atividades comerciais ao longo da fronteira com a China perderam suas fontes de renda, o que foi agravado pelo impacto das sanções, disse Ojea Quintana.
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"O acesso das pessoas à comida é uma preocupação séria, e as crianças e os idosos mais vulneráveis correm risco de passar fome", disse ele, acrescentando que os norte-coreanos "não deveriam ter que escolher entre o medo da fome e o medo da Covid-19".
"Remédios e suprimentos medicinais essenciais estão escassos, os preços aumentaram várias vezes à medida que pararam de chegar da China e organizações humanitárias não têm conseguido levar remédios e outros suprimentos", disse.