Palestinos são autorizados a voltar para o norte de Gaza em marcha com milhares de pessoas
Por causa da guerra entre Israel e Hamas, palestinos do norte tiveram que ser deslocados para o sul da Faixa de Gaza
Internacional|Do R7, em Brasília

Na manhã desta segunda-feira (27), uma cena tomou conta das redes sociais: uma marcha formada por dezenas de milhares de palestinos que estão voltando ao norte da Faixa de Gaza depois que postos de controle militares israelenses foram abertos.
A região ficou dividida por mais de um ano, mas após o acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, os deslocados puderam retornar para casa. A reabertura marcou o fim de uma longa deslocação que muitos temiam ser permanente.
Cerca de 200 mil pessoas iniciaram a caminhada de volta às suas casas logo no início da manhã. Conscientes de que retornariam a áreas devastadas pela guerra, preferiam montar suas tendas em suas próprias terras, em vez de permanecer em campos superlotados no sul da faixa.
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“É uma ótima sensação quando você volta para casa, para sua família, parentes e entes queridos, e inspeciona sua casa — se ela ainda é uma casa”, afirmou Ibrahim Abu Hassera, em entrevista ao jornal Times of Israel.
“Agora posso morrer em paz, ou em guerra. Não importa; agora posso morrer, porque não poderia ser enterrado em outro solo que não o de Gaza”, escreveu Maha Hussaini, em uma rede social.
O retorno estava previsto para domingo (26). Porém, acabou adiado por causa de uma crise no acordo de cessar-fogo. A não libertação da civil israelense Arbel Yehoud no sábado (25) gerou acusações mútuas e o fechamento dos postos de controle no norte.
Negociações de última hora no domingo, entretanto, garantiram a libertação de três reféns na quinta-feira e a reabertura das rotas ao norte nesta segunda-feira.
Longa caminhada e reencontros
Logo nas primeiras horas, famílias inteiras se dirigiram a pé ao norte, carregando seus pertences em sacos plásticos ou em carrinhos improvisados. Crianças cantando, pessoas com muletas e idosos em cadeiras de rodas ou com a ajuda de parentes faziam parte da multidão. Ao chegar a Gaza City, a emoção dos reencontros era visível, com muitos abraços emocionados.
Forças egípcias, norte-americanas e uma empresa de segurança privada reforçaram a observação do retorno. Monitores americanos e egípcios inspecionavam veículos que viajavam para o norte, a fim de evitar a movimentação de combatentes e armas.
Gaza havia sido dividida no início da guerra, com um corredor separando a faixa. Civis podiam seguir ao sul, mas eram proibidos retornar ao norte, área onde teve início a operação terrestre israelense. Centenas de milhares fugiram após ordens de evacuação em massa.
Quem ficou teve que enfrentar condições ainda mais severas, com alimentação restrita. Na noite de domingo, forças israelenses dispararam contra multidões que aguardavam a abertura dos postos, resultando em mortes e ferimentos, inclusive em crianças.