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Qual animal dominava os oceanos há 100 milhões de anos? Estudo traz nova resposta

Descoberta de mil bicos fossilizados no Japão revela que lulas eram as criaturas mais numerosas nos mares do Cretáceo

Internacional|Do R7

Esses bicos, estruturas bucais duras e resistentes, pertenciam a 263 lulas de cerca de 40 espécies diferentes Divulgação/Universidade de Hokkaido

Uma descoberta revolucionária feita por cientistas da Universidade de Hokkaido, no Japão, revela que as lulas, e não os peixes ou as famosas amonites, eram os animais mais abundantes e dominantes dos mares há 100 milhões de anos, durante o período Cretáceo Superior, na era dos dinossauros.

A chave para essa descoberta foi a análise de mil bicos fossilizados de cefalópodes, encontrados incrustados em rochas no Japão. Esses bicos, estruturas bucais duras e resistentes, pertenciam a 263 lulas de cerca de 40 espécies diferentes, muitas delas desconhecidas até agora.

A quantidade e a diversidade desses fósseis surpreenderam os pesquisadores e revelaram que as lulas já dominavam os oceanos muito antes do que se imaginava. Detalhes desse achado foram publicados na última quinta-feira (26) na revista científica Science.

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A identificação desses fósseis só foi possível graças a uma técnica inovadora chamada “mineração digital de fósseis”, desenvolvida pela equipe da Universidade de Hokkaido.


Essa tecnologia permite escanear rochas em três dimensões, revelando fósseis escondidos que seriam invisíveis a olho nu. Com isso, os pesquisadores conseguiram estudar os bicos fossilizados em detalhes, reconstruindo a história das lulas no Cretáceo.

“Tanto em número quanto em tamanho, essas lulas antigas claramente dominavam os mares”, disse Shin Ikegami, pesquisador do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias da Universidade de Hokkaido e autor principal do estudo.


Ikegami afirmou que as lulas encontradas eram, em muitos casos, maiores que os peixes e até mesmo que as amonites, moluscos com conchas espiraladas que, até então, eram considerados os grandes nadadores da época.

Animais especiais

As lulas modernas são conhecidas como animais ágeis e inteligentes, características que já estavam presentes em seus antepassados. A ausência de uma concha rígida, comum em outros cefalópodes como as amonites, deu às lulas maior mobilidade e capacidade de adaptação.


Isso, segundo os cientistas, foi essencial para o sucesso delas nos oceanos antigos.

Os bicos fossilizados são pistas raras, já que as lulas, por não terem conchas duras, raramente deixam vestígios fósseis. Até essa descoberta, os registros mais antigos de lulas datavam de cerca de 45 milhões de anos.

O estudo também mostrou que os dois principais grupos de lulas modernas — os Myopsida, que vivem em áreas costeiras, e os Oegopsida, que habitam o mar aberto — já existiam há 100 milhões de anos.

Essa diversificação precoce desafia a ideia de que as lulas só teriam se tornado dominantes após a extinção em massa que acabou com os dinossauros, há 65 milhões de anos.

“Essas descobertas mudam tudo o que pensávamos saber sobre os ecossistemas marinhos no passado”, declarou Yasuhiro Iba, líder da pesquisa. “As lulas foram provavelmente as pioneiras entre os nadadores rápidos e inteligentes que dominam o oceano moderno”.

A pesquisa não apenas reescreve a história dos ecossistemas marinhos do Cretáceo, mas também levanta novas questões sobre como as lulas conseguiram se tornar tão bem-sucedidas.

A abundância e o tamanho desses animais, superando peixes e amonites, sugerem que eles desempenhavam papéis centrais como predadores e presas nos oceanos de milhões de anos atrás.

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