Logo R7.com
Logo do PlayPlus

“Quem fez isso com nossas pobres crianças?”

NY Times traz relato da agonia dos pais de vítimas do massacre

Internacional|Do R7

Mãe sai com o filho da escola após tiroteio que deixou 28 mortos
Mãe sai com o filho da escola após tiroteio que deixou 28 mortos

Pais de estudantes da escola Sandy Hook, palco do tiroteio que matou 26 pessoas na última sexta-feira (14), passaram por momentos de desespero enquanto aguardavam maiores informações sobre a tragédia.

Após horas de agonia, um policial entrou na sala reservada onde eles estavam e transformou seus piores temores em palavras: os seus filhos estavam mortos.

Os gritos que se seguiram podiam ser ouvidos da rua, parecendo o fim de um tiroteio horrível que tirou a vida de 20 crianças e de seis adultos na escola.

As informações são do jornal New York Times deste sábado (15).


Eram cerca de 9h30 quando a escola fechou suas portas, exigindo a partir dali a identificação de algum visitante que chegasse. O que aconteceu em seguida soou diferente dependendo de onde você estivesse na escola.

Era muita confusão. O barulho ecoava. Gritos e choro de crianças que foram diminuindo, até que houve apenas tiros.


Massacre nos EUA deixa 28 mortos, incluindo o atirador

Veja imagens do tiroteio


Os exercícios de segurança ​​aprendidos ao longo do tempo foram postos em ação. Professores saltaram para as portas e viraram as fechaduras. Crianças e adultos se amontoaram em armários, rastejando sob mesas e cantos da sala de aula.

Laura Feinstein, uma professora de apoio à leitura, pegou seu telefone.

— Eu liguei para o escritório e disse, 'Barb, é tudo bem?', E ela disse, 'Não, é um atirador no prédio’.

Mesmo no ginásio, local mais barulhento da escola, algo parecia muito errado, como relata o estudante Brendan Murray, de nove anos, que estava lá com sua turma da quarta série:

— Nós pensamos que alguém estava batendo em um objeto. Então ouvimos gritos e ouvimos tiros. Ouvimos muitos tiros. Nós ouvimos alguém dizer: 'Coloque as mãos para cima!'. Eu ouvi, ‘Não atire!’. E então tivemos que ir para o armário no ginásio.

Na biblioteca, a bibliotecária Yvonne Cech se trancou junto com um assistente e mais 18 alunos da quarta série em um armário atrás dos arquivos, enquanto o som dos tiros ecoava do lado de fora.

Testemunhas disseram que ouviram mais de cem tiros, mas que não viram quase nada em seus esconderijos do que estava acontecendo.

Então o tiroteio finalmente parou. A maioria dos professores manteve as crianças nos esconderijos. Cerca de 15 minutos depois, houve outro som, vindo do sistema de interfone da escola. Uma voz anunciou:

—Esta tudo bem. É seguro agora.

Brendan, no ginásio, disse:

— Alguém veio e nos disse para correr pelo corredor. Havia policiais em cada porta. Havia muitas pessoas chorando e gritando.

Do lado de fora, uma versão assustadora da escola foi tomando forma. Policiais invadiram o local com cães e helicópteros sobrevoavam o prédio. Havia carros blindados e ambulâncias.

Ainda lá dentro, os bibliotecários e as crianças estavam se escondendo no armário há 45 minutos quando uma equipe da Swat chegou e os escoltou para fora.

A notícia se espalhou rapidamente pela pequena cidade. No Hospital de Danbury, médicos e enfermeiros se prepararam para a chegada das vítimas.

Enfermeiros, cirurgiões, equipes de medicina interna e especialistas em imagens, bem como membros da equipe de patologia e laboratório do hospital correram para montar a sala de emergência para receber o fluxo de pacientes vindos do tiroteio.

Fluxo esse que nunca chegou. Apenas três vítimas foram ao hospital, duas das quais não sobreviveram. O resto já estava morto.

A professora Laura Feinstein estava chocada:

— Estou aqui há 11 anos. Eu não posso imaginar quem faria isto com os nossos pobres bebês.

Outra enfermeira que mora perto da escola correu para a cena.

— Mas um policial me disse que não precisava de enfermeiras. Então eu soube que não era algo bom.

Sobreviventes da tragédia se reuniram na sede Corpo de Bombeiros e na delegacia de resgate, que ficam na mesma rua.

Pais ouviram sobre o ocorrido e foram correndo para a escola. Na confusão, houve até gritos de alegria, quando mães e pais se reuniram com seus filhos vivos.

Os pais cujos filhos estavam desaparecidos foram levados para a sala separada, e uma lista dos desaparecidos foi feita.

Havia pratos e panelas de pizza e outros alimentos doados. Ninguém tocou na comida.

O pai de Brendan, Sean Murray, estava em casa — que dista cerca de 1km da escola — com sua esposa quando o telefone tocou. Era uma chamada do sistema automatizado de alerta dizendo que havia um bloqueio na escola.

— No início, não ficamos muito nervosos, porque você ouve sobre esses bloqueios acontecendo o tempo todo. Se houvesse uma loja de bebidas sendo roubada, todas as escolas iriam entrar em bloqueio.

Eles ligaram a televisão e ouviram sobre o tiroteio e as orientações a todos os pais para ficarem longe da escola. Ignorando as ordens, eles correram para o carro e chegando lá, encontraram Brendan os esperando.

— Ele está doente. É doentio que algo assim possa acontecer em uma escola primária.

Bonnie Fredericks, proprietária de um salão de cabelereiro local, disse que muitas crianças da cidade se reuniram recentemente para a iluminação da árvore de Natal da aldeia, na rua da sua loja.

Vinte delas se foram.

Ao lado de seu estabelecimento, uma loja de bebidas transmitiu uma mensagem simples, colada sobre uma propaganda de uma cerveja especial: “Faça uma oração”.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.