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Represas construídas por humanos alteraram eixo de rotação da Terra, revela estudo

Armazenamento de água em quase 7.000 represas, entre 1835 e 2011, deslocou polos do planeta em cerca de um metro

Internacional|Do R7

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Terra em foto capturada em 7 de dezembro de 1972, pela missão Apollo 17 Divulgação/Nasa

Um estudo conduzido por cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, revela que a construção de represas pelo mundo foi tão intensa que mudou, mesmo que de forma sutil, o eixo de rotação da Terra.

Publicada no último dia 8 na revista científica Geophysical Research Letters, a pesquisa mostra que o represamento de água em milhares de barragens ao longo de quase dois séculos deslocou os polos terrestres em cerca de um metro e reduziu o nível global do mar em 21 milímetros.


RESUMO DA NOTÍCIA

  • Estudo da Universidade Harvard revela que represas alteraram o eixo de rotação da Terra.
  • Construção de quase 7.000 represas entre 1835 e 2011 deslocou os polos terrestres em cerca de um metro.
  • Represas contribuíram para uma redução de 21 milímetros no nível global do mar.
  • Pesquisadores alertam sobre a importância dessas mudanças para prever impactos climáticos futuros.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Imagine uma bola girando. Se você colocar um peso em um dos lados, o equilíbrio da bola muda, e ela pode se inclinar levemente. Algo semelhante acontece com a Terra quando construímos represas.

A água armazenada nesses reservatórios redistribui a massa do planeta, afetando seu equilíbrio e, consequentemente, a posição dos polos geográficos — um fenômeno conhecido como deriva polar verdadeira.


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Entre 1835 e 2011, quase 7.000 represas foram construídas ao redor do mundo, armazenando um volume de água suficiente para encher o Grand Canyon, nos Estados Unidos, duas vezes, segundo a pesquisa.

Esse peso adicional, concentrado em diferentes regiões do planeta, fez com que os polos da Terra se deslocassem em duas fases principais:


  • 1835 a 1954: com muitas barragens construídas na América do Norte e na Europa, o Polo Norte se moveu 20,5 centímetros em direção ao 103º meridiano leste, que passa por países como Rússia, Mongólia e China; e
  • 1954 a 2011: com a construção de mais represas na África Oriental e na Ásia, o polo se deslocou 57 centímetros em direção ao 117º meridiano oeste, que corta o oeste da América do Norte e o Pacífico Sul.

No total, o deslocamento dos polos foi de aproximadamente 113 centímetros, dos quais 104 apenas no século 20. Durante esse período, a humanidade represou cerca de um quarto da água que, sem as barragens, teria ido para os oceanos, contribuindo para uma redução de 21 milímetros no nível global do mar.

Como chegaram a essa conclusão?

Os pesquisadores usaram um banco de dados global que mapeia a localização e a quantidade de água armazenada em represas entre 1835 e 2011. Com essas informações, eles calcularam como a redistribuição de água afetou o equilíbrio da Terra.


“Dependendo de onde você posiciona represas e reservatórios, a geometria da elevação do nível do mar mudará”, disse Natasha Valencic, pós-graduanda em Ciências da Terra e Planetárias em Harvard e líder do estudo.

De acordo com Valencic, essas mudanças podem ser significativas e precisam ser consideradas em estudos sobre o clima e o comportamento do planeta.

Por que isso é importante?

Embora o deslocamento de um metro pareça pequeno, ele é significativo para os cientistas. “Ao retermos água atrás de represas, isso não só remove água dos oceanos, levando a uma queda global do nível do mar, como também distribui a massa de forma diferente ao redor do mundo”, explica Valencic.

Esse movimento, segundo ela, não é suficiente para causar mudanças drásticas, como uma nova era glacial, mas ajuda os pesquisadores a entenderem melhor como a Terra responde a alterações em sua massa.

Além disso, o estudo é importante para prever os impactos das mudanças climáticas. A deriva polar verdadeira causada pelas represas pode ser usada para corrigir cálculos sobre o movimento dos polos, ajudando a entender outros fenômenos, como o derretimento de geleiras e camadas de gelo em um planeta em aquecimento.

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