As forças russas recapturaram a cidade de Sudzha, a maior cidade ocupada pela Ucrânia na região fronteiriça de Kursk, após sete meses de controle ucraniano, informou o Ministério da Defesa da Rússia nesta quinta-feira (13). A retomada ocorre um dia após a Ucrânia aceitar a proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo imediato de 30 dias na guerra. As negociações foram lideradas pelo secretário de Estado norte-americano Marco Rubio na Arábia Saudita.A ação militar também sucede uma visita surpresa do presidente russo Vladimir Putin à região de Kursk na quarta-feira (12). Segundo o gabinete de imprensa presidencial, ele vestiu uniforme militar e ordenou a “libertação completa” da área “o mais rápido possível”.“No curso das operações ofensivas, unidades do grupo militar do Norte libertaram os assentamentos de Melovoy, Podol e Sudzha”, disse o Ministério da Defesa russo em um comunicado oficial. A pasta também informou que as Forças Armadas da Rússia atingiram formações de diversas brigadas ucranianas nas proximidades, repelindo um contra-ataque e causando perdas de mais de 340 soldados.A visita surpresa de Putin, transmitida pela televisão estatal russa, foi a primeira à região desde a incursão ucraniana em agosto de 2024, que marcou a primeira ocupação de solo russo por tropas estrangeiras desde a Segunda Guerra Mundial. Diante de comandantes, ele afirmou esperar a expulsão total das forças ucranianas de Kursk “em um futuro próximo” e sugeriu a criação de uma “zona de segurança” na fronteira, o que poderia incluir territórios da vizinha região ucraniana de Sumy.O chefe militar ucraniano, general Oleksandr Syrskyi, disse à AP que a aviação russa realizou ataques em escala sem precedentes na região, destruindo quase completamente a cidade. Ele mencionou “manobras para linhas mais vantajosas”, mas não confirmou a perda do controle.A retomada de Sudzha ocorre enquanto os Estados Unidos intensificam esforços diplomáticos para um cessar-fogo de 30 dias no conflito, proposta que é endossada pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.Na terça-feira (11), os EUA suspenderam a pausa na ajuda militar a Kiev, e o presidente Donald Trump declarou na quarta-feira (12) que “agora depende da Rússia”, ameaçando novas sanções caso Moscou rejeite a trégua.O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, desembarcou em Moscou às 13h, no horário local (7h, no horário de Brasília), desta quinta-feira para discutir uma proposta de cessar-fogo para o conflito. Mais cedo, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que a Rússia está “pronta” para discutir um eventual acordo. “Estamos prontos para discutir as iniciativas apresentadas nesses contatos futuros com os Estados Unidos. Esses contatos já podem ocorrer ainda hoje”, afirmou.A incursão ucraniana em Kursk, lançada em agosto passado, tinha como objetivo aliviar a pressão na frente de batalha interna e obter uma vantagem em eventuais negociações de paz, como a atual.Mas a dinâmica da guerra não mudou significativamente. Desde então, as forças ucranianas enfrentam intensa pressão de uma ofensiva russa que tem contado com apoio de tropas da Coreia do Norte. Inteligências da Ucrânia, dos EUA e da Coreia do Sul dizem que mais de 12 mil soldados norte-coreanos foram enviados para lutar ao lado das forças russas em Kursk desde outubro do ano passado -- embora nem Putin, nem Kim Jong-un admitam isso.