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Rússia inicia referendo de anexação em áreas ocupadas da Ucrânia; Ocidente condena 'farsa'

Em meio às ameaças de Putin sobre o uso de armas nucleares, se as regiões forem admitidas na Federação Russa, ficarão sob a doutrina nuclear de Moscou

Internacional|Do R7, com Reuters

Mulher vota durante referendo de anexação de áreas ucranianas à Rússia
Mulher vota durante referendo de anexação de áreas ucranianas à Rússia

A Rússia iniciou referendos nesta sexta-feira (23) com o objetivo de anexar quatro regiões ocupadas da Ucrânia, no que Kiev chamou de farsa ilegal, com moradores ameaçados de punição se não votarem.

As votações que decidirão se as regiões devem se tornar parte da Rússia começaram depois que a Ucrânia, no início deste mês, recapturou grandes áreas do nordeste do território, em uma contraofensiva. A guerra da Rússia já matou dezenas de milhares de pessoas, desabrigou milhões e devastou a economia global.

Com o presidente russo, Vladimir Putin, também tendo anunciado nesta semana um recrutamento militar para que 300 mil reservistas lutem na Ucrânia, o Kremlin parece estar tentando recuperar a vantagem no conflito.

Se forem formalmente admitidos na Federação Russa, os territórios ocupados, onde as contraofensivas ucranianas ganharam força nas últimas semanas, ficarão sob a doutrina nuclear de Moscou.


Putin disse na quarta-feira que a Rússia "usará todos os meios à nossa disposição" para se proteger, uma alusão às armas nucleares.

Os referendos foram discutidos durante meses pelas autoridades instaladas por Moscou nas quatro regiões — no leste e no sudeste da Ucrânia —, mas as recentes vitórias de Kiev no campo de batalha levaram a uma ação para agendá-los.


A votação nas províncias de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, que representam cerca de 15% do território ucraniano, deve ocorrer desta sexta até a próxima terça-feira (27).

Serhiy Gaidai, governador da região de Luhansk, na Ucrânia, disse que as autoridades russas proibiram a população de Starobilsk de deixar a cidade até terça-feira e que grupos armados foram enviados para revistar casas e coagir as pessoas a sair para participar do referendo.


"Hoje, a melhor coisa para o povo de Kherson seria não abrir suas portas", disse Yuriy Sobolevsky, o primeiro vice-presidente ucraniano deslocado do conselho regional de Kherson, no aplicativo de mensagens Telegram.

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Os referendos foram condenados pela Ucrânia, por líderes ocidentais e pelas Nações Unidas como um precursor ilegítimo e coreografado da anexação ilegal. Não haverá observadores independentes, e grande parte da população pré-guerra fugiu.

A OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), que monitora eleições, disse que os resultados não terão relevância legal, pois não estão em conformidade com a lei ucraniana nem com os padrões internacionais, e as áreas não são seguras.

Gaidai disse que, na cidade de Bilovodsk, controlada pelos russos, um diretor de empresa disse aos funcionários que o voto era obrigatório e que qualquer pessoa que se recusasse a participar seria demitida, e seus nomes, divulgados aos serviços de segurança.

A Rússia sustenta que os referendos oferecem uma oportunidade para que as pessoas da região expressem sua opinião.

A Ucrânia diz que nunca aceitará o controle russo de nenhum território e lutará até que o último soldado russo seja expulso.

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