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'Ele não tinha medo de morrer', diz amigo de brasileiro morto na Ucrânia que também está no país

Ao R7, Matheus David descreveu Antônio Hashitani como um homem de 'coração gigante', carismático e querido por todos

Internacional|Sofia Pilagallo, do R7

Antônio Hashitani, de 25 anos, morreu em combate na guerra da Ucrânia
Antônio Hashitani, de 25 anos, morreu em combate na guerra da Ucrânia

O paranaense Antônio Hashitani, de 25 anos, que morreu em combate na guerra na Ucrânia na semana passada, "não tinha medo de morrer". Foi o que contou ao R7 o advogado Matheus David, natural de Araucária, na região metropolitana de Curitiba (PR). Os dois se conheceram há cerca de quatro meses, na cidade de Ternopil, no oeste da Ucrânia, e se tornaram amigos. Ambos foram ao país para atuar na guerra como voluntários em apoio ao povo ucraniano.

"Desde então, mantivemos uma amizade e conversávamos quase todos os dias. Trocamos ideia um dia antes de ele morrer. Estávamos juntos no batalhão", relata Matheus.

Hashitani era estudante de medicina da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), em Curitiba, mas havia trancado a matrícula no 3º ano de faculdade para participar de projetos humanitários na África.

Segundo Matheus, o amigo sonhava em construir uma escola em uma comunidade pobre na Tanzânia e acreditava que este era o jeito mais rápido de angariar fundos para a iniciativa. Ele descreve Hashitani como um homem de "coração gigante", carismático e querido por todos.


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"A morte dele foi um baque para muitos, não só aqui no batalhão, mas para muitas pessoas com quem ele tinha amizade em Kiev [capital da Ucrânia], Ternopil e outros lugares por onde passou. Até mesmo funcionários de um hotel onde nos hospedamos entraram em contato para saber se ele tinha morrido", afirma.

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"Antônio era um cara incrível e estava sempre disposto a ajudar. O mundo seria um lugar melhor se houvesse mais pessoas como ele", acrescenta.


Matheus David é voluntário na guerra da Ucrânia
Matheus David é voluntário na guerra da Ucrânia

A notícia da morte de Hashitani veio como um choque para Matheus. Ele havia acabado de perder outro amigo que também atuava na guerra, um americano identificado como Jeff, que morreu na última terça-feira (1º). O voluntário acredita que Hashitani tenha morrido na última quarta-feira (2), quando ele foi reportado como desaparecido, embora a confirmação da morte tenha vindo apenas no dia seguinte.

Enquanto Hashitani dizia, com naturalidade, que "todos iriam morrer um dia", Matheus vai na contramão. Depois do incidente, o voluntário passou a se sentir bastante inseguro em meio à guerra e decidiu voltar para casa e ficar com a família. Ele está com a passagem comprada e deve retornar para o Brasil no dia 28 deste mês.

Atualmente, Matheus está em Bakmut, uma das maiores e mais violentas linhas de frente da guerra, a qual descreve como um "moedor de carne". Ele afirmou que os ucranianos vêm sofrendo muito com os reflexos da guerra e que a tendência é a situação se agravar drasticamente.

Em nota enviada ao R7, o Ministério das Relações Exteriores informou que a embaixada de Kiev notificou a morte de Hashitani e que o órgão brasileiro "está em contato com familiares" do voluntário "para prestar-lhes a assistência cabível". Informações sobre o traslado do corpo não foram fornecidas e só "poderão ser repassadas mediante autorização dos familiares diretos".

Hashitani foi o quarto voluntário brasileiro a morrer em combate na guerra na Ucrânia em mais de 500 dias de conflito. Desde fevereiro de 2022, outros três brasileiros perderam a vida: André Luiz Hack Bahi, de 43 anos; Douglas Búrigo, de 40; e Thalita do Valle, de 39.

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