Tribunal confirma ordem de prisão, mas Cristina Kirchner segue livre
Juiz pediu a prisão da ex-presidente por achar que ela poderia prejudicar investigações sobre atentado em 1994, mas foro privilegiado a manteve livre
Internacional|Da EFE
O Supremo Tribunal da Argentina confirmou nesta quinta-feira (7) a ordem de detenção imposta por um juiz federal contra Cristina Kirchner pelo suposto acobertamento dos iranianos acusados do atentado contra uma associação mutual judaica em 1994, mas a ex-presidente argentina continuará em liberdade graças ao foro privilegiado do cargo de senadora.
Concretamente, a Corte Suprema de Justiça rejeitou por unanimidade o recurso apresentado pela ex-governante contra a ordem de detenção ditada pelo juiz Claudio Bonadio em dezembro de 2017, cuja execução efetiva o Alto Tribunal submeteu ao resultado do processo de perda de imunidade requerido ao Senado pelo magistrado.
Cristina, vários membros do seu governo e outros colaboradores foram indiciados por suposto acobertamento agravado, por meio de um pacto com o Irã, dos cidadãos desse país acusado do ataque contra uma associação judaica em 1994, que deixou 85 mortos e segue impune.
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O expediente judicial foi aberto pela denúncia que o promotor Alberto Nisman realizou em janeiro de 2015 contra o governo anterior, quatro dias antes de aparecer morto com um tiro na cabeça, em condições que ainda são investigadas, mas que indicam que foi assassinado.
Nisman assegurava que um pacto assinado entre a Argentina e o Irã em 2013 para investigar conjuntamente o atentado buscava, na realidade, acobertar os acusados como suspeitos do ataque, entre eles o ex-presidente iraniano Akbar Hashemi Rafsanjani e o ex-chanceler Ali Akbar Velayati, para favorecer a troca comercial bilateral.
Bonadio, que conduz outras causas contra Cristina, pediu então a detenção da ex-presidente por considerar que poderia obstaculizar o caso.
Além disso, solicitou sua detenção após indiciá-la no conhecido como "caso dos cadernos", no qual se investiga uma suposta rede de subornos entre poderosos empresários e ex-funcionários do kirchnerismo.
No entanto, a detenção de Cristina dependerá que seus companheiros no Senado decidam se votam ou não contra ela.
O Senado — no qual nenhum grupo tem maioria absoluta e com a corrente ideológica peronista, à qual pertence Cristina, muito fragmentada — deverá decidir se atende a solicitação de tirar a imunidade da ex-presidente, para o que será necessário dois terços dos legisladores.
Por enquanto, nada indica que a perda de imunidade possa prosperar, devido à posição histórica do peronismo tradicional de só tirar os privilégios quando há uma sentença firme.