Yanukovich diz que ainda é presidente da Ucrânia
Internacional|Do R7
Por Katya Golubkova
27 Fev (Reuters) - Viktor Yanukovich afirmou nesta quinta-feira que ainda é o presidente da Ucrânia e alertou o regime "ilegítimo" que os moradores das regiões sul e sudeste nunca aceitarão o seu governo.
Em comunicado enviado a agências de notícias russas de uma localização não revelada, Yanukovich atacou os "extremistas" que ele disse terem roubado o poder na Ucrânia, feito ameaças violentas contra ele e seus aliados mais próximos e aprovado leis "ilegais".
Quase uma semana após ter sido deposto por protestos violentos, o paradeiro de Yanukovich ainda é desconhecido depois que ele fugiu da capital Kiev.
O político, de 63 anos, agora é procurado na Ucrânia por acusações de homicídios em massa em decorrência de tiros disparados pela polícia contra manifestantes, e a mídia russa e ucraniana especulam que ele pode ter ido para Moscou, embora isso não tenha sido confirmado.
Um porta-voz do presidente russo, Vladimir Putin, disse não ter nenhuma informação e que não poderia comentar o comunicado.
"Eu, Viktor Fedorovich Yanukovich, apelo ao povo da Ucrânia. Como antes, ainda me considero o chefe legal do Estado ucraniano, escolhido livremente pela vontade do povo da Ucrânia", disse.
"Agora está ficando claro que o povo do sudeste da Ucrânia e na Crimeia não aceita o vácuo de poder e completa ilegalidade no país, em que chefes de ministérios são escolhidos por uma quadrilha", disse na nota, segundo divulgaram as agências.
Homens armados tomaram a sede do governo e o Parlamento regional da Crimeia e hastearam a bandeira russa, alarmando os novos governantes em Kiev, cada vez mais preocupados com uma eventual demonstração de força a partir de Moscou.
Putin ordenou treinamentos militares surpresa na região central e no oeste da Rússia, que faz fronteira com a Ucrânia, e nesta quinta-feira o Ministério da Defesa disse ter colocado seus aviões de combate posicionados na fronteira oeste em estado de alerta para combate.
"Nas ruas de muitas cidades de nosso país há uma orgia de extremismo", disse Yanukovich, acrescentando que ele e seus assessores próximos foram ameaçados fisicamente.
Yanukovich também lançou dúvidas sobre toda a nova legislação aprovada no Parlamento ucraniano, o Verkhovna Rada, dizendo que muitos membros de seu Partido das Regiões estavam intimidados demais para comparecer às votações.
"As decisões que estão sendo tomadas no Parlamento são ilegais, elas estão sendo tomadas enquanto muitos membros do Partido das Regiões estão ausentes, assim como pessoas de outras facções, que temem pela sua segurança", afirmou.
Ele insistiu em um argumentado apoiado pela Rússia de que um acordo mediado pela União Europeia, assinado na sexta-feira com o objetivo de compartilhar o poder e realizar novas eleições em dezembro, ainda estaria vigente.
"Nessa situação, eu oficialmente declaro minha determinação de lutar até o fim para honrar os importantes acordos comprometidos para retirar a Ucrânia de sua profunda crise política", afirmou.
(Reportagem adicional de Darya Korsunskaya e Thomas Grove)