BH: 2020 pode ser o ano mais chuvoso da história, diz Inmet
Faltam menos de 300 mm de chuva para o recorde, e a média mensal para dezembro é de 358 mm; já choveu 42% do esperado para o mês em 10 dias
Minas Gerais|Célio Ribeiro*, do R7
O ano de 2020 pode terminar como o mais chuvoso da história de Belo Horizonte, de acordo com os dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Até nesta quinta-feira (10), a capital mineira já registrou 2.211,9 mm de chuva, o que já coloca 2020 na 5º posição do ranking de anos mais chuvosos. Para bater o recorde, que é de 2.509,8 mm, registrados há 37 anos, faltam pouco menos de 300 mm.
De acordo com o Inmet, a chance de ser registrado um novo recorde em 2020 é grande. O mês de dezembro costuma ser o mais chuvoso de cada ano, com média de 358,9 mm. Entre os dias 1º e 10 deste mês, choveu 152,2 mm, o que corresponde a 42% do total esperado para este mês.
Se Belo Horizonte alcançar a média histórica de chuvas para o mês, 2020 terminará com acumulado de 2.570mm, ou seja, 60,2mm a mais que o recorde registrado em 1983.
Recordes
De acordo o meteorologista do Inmet, Cleber Souza, o ano de 2020 será, pelo menos, o segundo mais chuvoso da história, já que faltam menos de 60 mm para que seja ultrapassado o volume registrado em 1945.
Souza aponta também para a possibilidade de 2020 bater o recorde histórico de volume de chuvas, mas pede “cautela”.
— Se continuar caindo o volume de chuvas que estão sendo registradas, e tudo indica que vai continuar, 2020 pode ser o ano mais chuvoso. Mas só saberemos com certeza no dia 31 de dezembro.
Vale lembrar que já tivemos, neste ano, o janeiro mais chuvoso da história da capital mineira. No primeiro mês de 2020, foram contabilizados 935,2 milímetros de água, quase o triplo do volume de chuva esperado para o mês.
Fenômenos da natureza
Para o especialista em alterações climáticas Augusto Auler, os recordes sucessivos de eventos climáticos vieram para ficar. Segundo ele, o aquecimento global e as mudanças climáticas já estão causando a piora sucessiva nas condições do tempo ano após ano.
— Não é tão surpreendente que esse seja um dos anos mais chuvosos, assim como também tivemos temperaturas recordes em BH. A tendência é que esses fenômenos se tornem mais extremos daqui para a frente.
Auler ressaltou que não só o Brasil, como muitos outros países estão passando por situações semelhantes. Ele citou os exemplos de algumas regiões da África e da Espanha que foram atingidas por severas chuvas neste ano.
— Alguns chamam isso de “chuva bomba” ou “bomba d’água”. É uma precipitação que, em poucas horas, cai uma quantidade absurda de água.
Planejamento para o futuro
O especialista em alterações climáticas aponta que nem as principais cidades do mundo estão preparadas para alterações climáticas extremas. Auler cita o caso de Belo Horizonte, que foi construída em cima de vários córregos que, posteriormente, acabaram sendo canalizados.
— No projeto de canalização, foi calculado um volume de água muito menor do que temos hoje.
Auler acredita que seja necessário um planejamento à longo prazo para a capital mineira, que resolva os problemas das principais vias da cidade e evite novas tragédias, como a que aconteceu em janeiro.
— É preciso um planejamento que não fique preso dentro de quatro anos de mandato. É algo duradouro, social, que resolva.
Confira o ranking dos anos mais chuvosos da história de Belo Horizonte:
1º lugar - 1983: 2509,8 mm
2º lugar - 1945: 2268,3 mm
3º lugar - 1985: 2266,3 mm
4º lugar - 1926 2239 mm
5º lugar - 2020: 2211,9 mm
*Estagiário do R7 sob a supervisão de Lucas Pavanelli.