Empresa contratada para projetar viaduto que desabou em BH terceirizou serviço
Informação foi confirmada pelo diretor da empresa, que disse que a operação não é ilegal
Minas Gerais|Thaís Mota, do R7

A Consol, empresa contratada pela construtora Cowan para elaborar o projeto do viaduto Guararapes, subcontratou o engenheiro responsável por esta parte da obra. A informação foi confirmada pelo diretor-presidente da Consol, Maurício de Lana. No entanto, ele garantiu que não há qualquer ilegalidade no processo e que a contratação foi feita por se tratar de um profissional especializado.
— Nosso profissional calculista está na proposta técnica e foi devidamente registrado junto ao Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais) para exercer o trabalho. O projeto é assinado por ele como projetista e por mim como responsável.
Ainda segundo Maurício de Lana, a contratação de profissionais especializados é praxe em casos de obras grandes ou que demandem um conhecimento especializado.
— Quando pegamos uma obra do vulto do avenida Pedro 1°, a gente sempre busca um profissional qualificado e, no caso do viaduto, foi escolhido um engenheiro reconhecido pelo seu trabalho e com uma vasta experiência.
O diretor da Consol garantiu ainda que o nome do engenheiro que assinou o projeto já estava na proposta original de construção do viaduto e, além de registrada no Crea, a subcontratação é de conhecimento da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) e da Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital).
Em nota, a Sudecap informou que aprovou a equipe técnica apresentada pela Consol na proposta apresentada pela empresa no edital da licitação 0095/2009 e informou que o engenheiro que assina o projeto é altamente qualificado e faz parte da lista apresentada pela Consol desde o princípio.
Lembre o caso
O viaduto Gurarapes, que fica no bairro São João Batista, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, desabou no último dia 3 de julho. A construção atingiu quatro veículos, sendo um ônibus, um automóvel Fiat Uno e dois caminhões. A motorista do coletivo e o condutor do carro foram atingidos pelos escombros e morreram ainda no local. Outros 22 passageiros do ônibus ficaram feridos e foram socorridos para hospitais da cidade. Entre os feridos, está a filha da condutora, uma menina de apenas cinco anos.
De acordo com uma perícia contratada pela construtura Cowan, um erro no projeto teria provocado a queda da alça sul do elevado. De acordo com as avaliações da empresa, faltou aço no bloco que deveria sustentar a estrutura. Além disso, a Cowan recomendou à Sudecap e PBH a demolição da alça norte sob risco de uma nova tragédia.
Entretanto, no último dia 11, a Justiça proibiu a demolição como forma de garantir a segurança dos moradores e a integridade das casas vizinhas. Por decisão do juiz Renato Luís Dresch, da 4ª Vara da Fazenda Municipal, os moradores e comerciantes devem ter acesso aos planos de demolição e a todas as ações no local.