Fura-fila: CPI ouve ex-servidor que teria tentado burlar investigação
Ex-chefe de gabinete da saúde, João de Pinho, foi exonerado após vazamento de áudio de reunião com outros servidores da pasta
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Fura-fila, aberta pela Assembleia de Minas para investigar as denúncias de irregularidade no processo de vacinação de servidores da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais), ouve, nesta segunda-feira (3), o ex-chefe de gabinete da pasta, João de Pinho.
O ex-número três da secretaria foi exonerado há cerca de 10 dias depois que o áudio de uma reunião coordenada por ele vazou. No encontro, que contou com o ex-assessor-chefe de comunicação social da SES, Everton Luiz de Souza (também exonerado), e outros três servidores, João de Pinho teria proposto que dois funcionários em "home office", que já teriam sido vacinados contra a covid-19, voltassem ao trabalho presencial.
O áudio sugere que a estratégia seria uma forma de "driblar" as investigações, após um pedido de informação feito pelo Ministério Público de Minas Gerais.
Na semana passada, o ex-assessor-chefe de comunicação da SES-MG, Everton Luiz de Souza, compareceu a uma sessão da CPI para ser ouvido pelos deputados estaduais. Na ocasião, ele confirmou que a reunião aconteceu e que funcionários que foram vacinados estavam em "home office".
Inicialmente, João de Pinho deveria ter sido ouvido na mesma sessão, mas pediu que seu depoimento fosse adiado para que ele tivesse acesso aos documentos da CPI.
Relembre o caso
Em março, o R7 revelou que a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais vacinou servidores de diversos escalões fora dos grupos prioritários determinados pelo Plano Nacional de Imunização. O então secretário, Carlos Eduardo Amaral, e seu adjunto, Marcelo Cabral, foram exonerados pelo governador Romeu Zema (Novo).
A vacinação dos servidores envolveu mais de 2 mil servidores da administração central e das regionais de saúde espalhados pelo interior do Estado e envolveu até mesmo funcionários que estavam em "home office".
O Ministério Público de Minas Gerais investiga o caso e a Assembleia de Minas abriu uma CPI para apurar as irregularidades. Segundo o colegiado, que ainda não tem data para terminar, o ex-secretário mentiu em uma audiência na Assembleia de Minas.