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‘Todos nós fomos eleitos com a ajuda do presidente’, diz Eduardo

O novo líder do PSL na Câmara Federal, Eduardo cobra de parlamentares lealdade a Bolsonaro e não ao 'dinheiro do fundo' partidário 

Política|Do R7

Eduardo cobrou lealdade ao pai e disse que a retribuição virá nas eleições de 2022
Eduardo cobrou lealdade ao pai e disse que a retribuição virá nas eleições de 2022

Escolhido líder do PSL na Câmara durante a ruidosa crise no partido, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho caçula do presidente Jair Bolsonaro, cobrou lealdade ao pai e disse que a retribuição virá nas eleições de 2022.

“Entre você ficar com o dinheiro do fundo partidário, diretórios e garantia de legenda (...) e atender o presidente, acho que o eleitor espera que o deputado do PSL atenda Bolsonaro”, disse.

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Após anunciar a desistência de concorrer ao posto de embaixador nos EUA, Eduardo afirmou que não se pode fazer política com o fígado. “Ouço muita coisa que me desagrada, mas tampo o nariz”, comentou.

O deputado também não descartou a possibilidade de ser o herdeiro de Bolsonaro e um dia disputar a Presidência, caso haja um “clamor popular”. A seguir, os principais trechos da entrevista:


Quais os próximos passos para resolver a crise do partido?

Agora eu tenho a responsabilidade de apaziguar o PSL. Os ânimos ficaram exaltados devido aos áudios que vieram à tona e isso é inegável. Temos de ter a ciência de que somos políticos, estamos aqui para focar nas pautas de interesse do País e não para ficar discutindo relações. A gente não pode fazer política com o fígado. E aqui somos mestres na arte de engolir sapo. Eu assumi a tarefa com a missão de colocar panos quentes.


Estou ouvindo muita coisa que é mentira, que me desagrada, mas eu tampo o nariz. Fico quieto, na minha, para tentar minimamente conseguir ter um ambiente de trabalho saudável. Todos nós, sem exceção, fomos eleitos com a ajuda do presidente Bolsonaro. Então, o que se presume? Entre você ficar com o dinheiro do fundo partidário, com diretórios, garantia de legendas, etc, que o partido pode estar lhe oferecendo e atender o presidente, acho que o eleitor espera que o deputado do PSL atenda o presidente. Tem gente que vai sentir essa realidade nas eleições de 2022. O presidente Bolsonaro é sempre quem tem a melhor estratégia.

É possível a conciliação com os deputados Joice Hasselmann e com Delegado Waldir, que ameaçou implodir o presidente?


Com o Waldir é até mais tranquilo porque ele próprio já deu uma declaração dizendo que os áudios foram gravados em um momento em que estava mais exaltado. Já a Joice é complicado. Ela está muito triste por ter saído da liderança do governo, perdeu 30 cargos, perdeu notoriedade, holofote e está indignada. Então, ela está, se você olhar no dicionário Aurélio, tresloucada. Tem um projeto de poder que é a Prefeitura de São Paulo. Deve estar mais triste ainda porque certamente não contará com o apoio do presidente Bolsonaro e ontem (terça-feira) o governador João Doria (PSDB) ainda falou que não vai apoiá-la.

Ela está caindo no ridículo. É lamentável. É um forte candidato e todo partido o quer porque acho que ele larga com no mínimo 20% das intenções de voto.

Em relação ao diretório paulista do PSL, do qual o sr. ainda é presidente, como isso deve ficar? Há também problemas no Estado sobre prestação de contas.

Isso são cenas dos próximos capítulos. Tem vários municípios em que o PSL está com problema, sem poder lançar candidatura. Colocamos advogados para reverter isso na Justiça.

O processo disciplinar aberto pelo partido contra o sr. e outros deputados é para valer? Conversou sobre isso com o presidente do PSL, Luciano Bivar, sobre isso?

Eu falo mais com o vice-presidente do partido, Antonio Rueda. Pretendo ligar e conversar com ele. Temos boa relação.

Sim. Vou buscá-lo e ter um sinal de humildade, por assim dizer. Mas, voltando ao Bivar, não tenho mágoas em relação a ele. Processo administrativo, se realmente for protocolado, tem de ver o que é o embasamento. Aí eu faço a defesa.

Acredito que sim. Certamente a oposição vai querer dizer que eu não teria os votos e que esse foi o motivo para eu não tentar a sabatina, mas tenho tranquilidade de que teria, sim.

O senhor ainda sonha em ser embaixador nos EUA, já que o presidente admitiu a possibilidade de indicá-lo no futuro?

Não é um sonho. O senso comum acredita que isso é comer caviar todo dia e morar numa excelente casa, mas não é só glamour. Tem muito trabalho.

A minha intenção não era ter uma vida boa, não era meu pai me dando presente, como a oposição tenta pintar. Certamente eu seria o embaixador mais cobrado do mundo.

Houve críticas até ao seu inglês. Qual é seu nível?

Perfect. Todas as vezes que eu precisei usar inglês, e já tive reuniões com diversas autoridades, nunca foi um problema. Até porque, quando o pessoal tem interesse de investir, e fazer negócio com o Brasil, você pode falar até mandarim que vão entender.

O senhor é chamado de “mitinho” e tratado por apoiadores do presidente como sucessor natural. Sonha em assumir a Presidência algum dia?

Não tenho esse sonho. Minha filosofia (diz que) qualquer lugar que eu ocupe, vou tentar fazer o melhor. Então, se fizer um bom trabalho como deputado talvez, quem sabe, um dia, eu seja alçado a voos maiores na política. Mas confesso que, vendo de perto a rotina de um presidente, eu não tenho o menor desejo pessoal de ser presidente da República.

É uma possibilidade que eu aceitaria se fosse uma missão, como foi para Jair Bolsonaro. Não tendo outro nome ou havendo algum clamor popular, na falta de sucessores, enfim, em qualquer cenário desses. Porque é um trabalho hercúleo. A todo momento, tudo o que você faz, tem que ser dado satisfação, você é sempre o alvo. São críticas, em cima de críticas. É de casa para o trabalho, do trabalho para casa. São pouquíssimos os momentos de privacidade em que se conversa alguma coisa que não seja sobre política. Pega uma foto do rosto do presidente de quatro anos atrás e de agora, veja como ele envelheceu rapidamente.

Não. Isso é uma narrativa lamentável de pessoas que querem fazer o terceiro turno das eleições agora.

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