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Exclusivo: Polícia europeia já classifica o PCC como um cartel

Europol define a organização criminosa brasileira da mesma forma que as máfias internacionais

André Azeredo|André Azeredo e André Azeredo

Pichação do PCC em muro de São Paulo
Pichação do PCC em muro de São Paulo

A Europol, a polícia europeia, usou a expressão "cartel" para designar o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa nascida nos presídios paulistas na década de 1990. O termo foi inserido em comunicado no relatório de maio de 2023 sobre a operação contra o tráfico de drogas na Espanha e em Portugal, em parceria com as polícias nacionais dos países e a Polícia Federal brasileira.

Uma operação policial internacional apoiada pela Europol levou ao desmantelamento de um cartel brasileiro que inundava a Europa com cocaína.

(Trecho do comunicado da Europol)

A operação de maio foi um desdobramento de uma apreensão, em junho de 2022, de 800 quilos de cocaína escondidos num contêiner com sacos de açaí congelados saídos do Brasil, no porto de Sines, Portugal.

Droga encontrada em carregamento de açaí
Droga encontrada em carregamento de açaí

A Europol explica que a razão para chamar o PCC de cartel é a concentração dentro do mesmo grupo criminoso das tarefas de venda e transporte de drogas para outros países e, sobretudo, ter pessoas da própria organização responsáveis pela lavagem do dinheiro.

"Os cartéis de drogas são grandes e sofisticadas organizações criminosas compostas de várias organizações e células de tráfico de drogas que se reúnem para controlar toda a cadeia do tráfico de drogas, incluindo transporte e lavagem de dinheiro. Como tal, o PCC é considerado um cartel de drogas pela Europol", explica a vice-porta-voz da polícia europeia, Claire Georges.


Em São Paulo, a Polícia Civil apreendeu no dia 28 de julho 50 veículos de luxo, como um McLaren avaliado em R$ 1,5 milhão. Os Porsches, Ferraris, Audis e outros carros caríssimos seriam usados para lavar o dinheiro da droga pelo PCC. Eles estavam em agências de veículos supostamente ligadas à organização.

Membros do PCC morando na Europa

Também foi perguntado à Europol sobre o mapeamento da quantidade de integrantes do PCC que vivem na Europa, servindo como representantes comerciais da organização para negociar o envio de cocaína do Brasil para lá em acordos comerciais com as máfias europeias, como a italiana 'Ndrangheta.


Claire Georges, porta-voz da Europol
Claire Georges, porta-voz da Europol

"A Europol não pode fazer nenhum comentário sobre a presença de membros do PCC na Europa especificamente. O que podemos dizer é que, nos últimos anos, o crime organizado brasileiro de forma mais geral tem tentado se estabelecer na Europa, particularmente quando se trata de tráfico de cocaína. Da mesma forma, as organizações europeias de narcotráfico estão cada vez mais presentes no Brasil", diz Claire Georges.

Ela ainda acrescenta: "Por causa disso, a Europol intensificou sua cooperação estratégica com o Brasil, e a Polícia Federal brasileira agora tem dois agentes de ligação destacados na sede da Europol, em Haia. Esses agentes de ligação juntaram-se a uma rede de mais de 250 agentes de ligação de mais de 50 países e organizações com representação permanente na Europol".


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O governo dos Estados Unidos incluiu o PCC na lista de risco para ameaças da segurança nacional do país, ao lado da tríade chinesa, a máfia italiana e a japonesa Yakuza.

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