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Os 26 mortos de Varginha e as descobertas da polícia

Forças de segurança precisam, urgentemente, organizar-se como a máfia cabocla para intensificar troca de informações entre estados

Arquivo Vivo|Percival de Souza, da Record TV

Troca de tiros deixa suspeitos de mega-assaltos mortos em Varginha (MG)
Troca de tiros deixa suspeitos de mega-assaltos mortos em Varginha (MG) Troca de tiros deixa suspeitos de mega-assaltos mortos em Varginha (MG)

Comprovado está: a facção criminosa que detém o poder criminoso dentro e fora dos presídios, já é uma máfia tupiniquim, em fase de grande expansão, e que acaba de demonstrar — Varginha (MG) — que possui uma organização interestadual, com poder suficiente para arrebanhar militantes de vários pontos do país e também agir em vários Estados.

Para conseguir identificar todos os bandidos mortos em Varginha, a necrópsia está sendo feita por uma força-tarefa de médicos legistas de Belo Horizonte, para onde os corpos foram levados por rabecões da Polícia Civil para o Instituto Médico Legal da Capital.

A informação sobre o bando gigante, que planejava fazer ataques em Varginha, utilizando armamento poderoso, foi obtida por eficazes serviços de inteligência da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Militar de Minas e seu Bope, o Batalhão de Operações Especiais, e também moradores da região, que consideraram estranha a passagem de verdadeiros comboios de carros a caminho de seus esconderijos - duas chácaras, uma em Varginha e outra na cidade de Fama. As rodovias federais e estaduais ficaram sendo monitoradas. O super-bando era formado por bandidos de São Paulo, Goiás, Rondônia e outros lugares. O plano era atacar uma sede bancária onde circula muito dinheiro, pois a cidade possui uma grande passagem de veículos de transportadoras.

Uma carreta com fundo falso fazia parte da frota utilizada pelos bandidos. Ciente pela inteligência, as forças policiais se concentraram nas regiões das cidades de Varginha, Fama, Três Corações, Machado e Três Pontas.

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Do episódio, ficaram as lições: a nova máfia, muito mais do que um novo cangaço, possui a sua própria (e eficaz) rede de informações para detectar quais são as cidades de menor porte, e, portanto, mais vulneráveis, que possuem agências bancárias para armazenar todo o dinheiro recolhido numa determinada região, como foi o caso de Araçatuba (SP). Nos ataques, ficou demonstrado mais uma vez, em Varginha, que a bandidagem usa uma espécie de uniforme de cor preta, coturnos, arsenal bélico impressionante e faz pintura de negro em todos os carros utilizados, roubados ou furtados.

Em Varginha e Fama, a quadrilha mantinha sentinelas de plantão, que reagiram a tiros com aproximação policial. O cerco, porém, taticamente organizado, foi feito com toda precisão, vedando qualquer possibilidade de resistência, o que resultou num violento confronto, que culminou na morte dos marginais.

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Agora, a polícia mineira reforçou o intercâmbio com outras polícias, principalmente a de São Paulo, para ter uma macro-avaliação da organização criminosa, que consegue manter reuniões em videoconferência, por incrível que pareça, dentro de estabelecimentos penais. Hoje, tornou-se urgente e necessário estabelecer uma ligação na troca de informações entre sistema prisional, polícia e tropas especiais, que precisam estar super-preparadas, de igual para igual, diante do poder de fogo dos bandidos.

A procedência do armamento pesado em poder dos bandidos deixa claro que a organização passou a possuir o monopólio na concretização de grandes assaltos, contrabando de armas e munições e também tráfico de drogas. Ainda não se sabe, devido à organização interestadual dos bandidos, onde fica a sede de comando da super-quadrilha, pois existem membros que estão distribuídos por estabelecimentos penais diferentes. Desconfia-se que o pode central, ou parte dele pelo menos, esteja situado no Paraguai, atualmente palco de uma guerra sangrenta pela disputa do poder na região de fronteira brasileira com as cidades paraguaias de Pedro Juan Cabalero e Capitán Bado.

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A partir da identificação de todos os 26 mortos em Minas Gerais, será possível descobrir de onde eles partiram, onde se encontraram e quais os pontos desses contatos. Também é previsível que o bando, fortemente atingido em sua espinha dorsal, pense em retaliações, o que vai levar a polícia a concentrar reforços nas proximidades das agências bancárias sabidamente com maior volume de dinheiro. Essa informação é vital, principalmente depois que se descobriu, em Araçatuba (SP), que a principal agência bancária local não havia informado à polícia esse detalhe que permitiria montar um sistema de segurança mais eficaz.

O aparato bélico descoberto em Minas Gerais, que inclui vários tipos modernos de explosivos, indica que os bandidos mortos em Varginha agiriam com a mesma violência adotada em cidades de outros Estados, onde funcionários dos bancos e moradores foram transformados em reféns e usados como escudos humanos. Em Araçatuba, várias pessoas chegaram a ficar amarradas no teto de vários veículos para intimidar a aproximação de policiais. Percebeu-se, assim, que do mesmo modo como a máfia cabocla adquire contornos interestaduais, as forças de segurança precisam, urgentemente, organizar-se da mesma forma.

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