Campos Neto encerra discurso amistoso e lança sombra sobre nova Selic
Falas do presidente do Banco Central - e reações - foram vistas como "fim da trégua". Copom se reúne em 2 e 3 de maio para definir juros
Christina Lemos|Do R7
As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante audiência no Congresso nesta segunda-feira ressuscitaram ataques de alas do PT e firmaram o que setores do mercado interpretam como “fim da trégua” entre o dirigente da autoridade monetária e a equipe do ministro Fernando Haddad, da Fazenda. Campos Neto reforçou que não há “mágica”, nem “bala de prata” para enfrentar a alta dos juros fora da austeridade fiscal. “Se a gente não tiver as contas em dia, não consegue melhorar”- ressaltou.
O possível “fim da trégua” ocorre há menos de uma semana da próxima reunião do Comitê de Política Monetária para definição da nova Selic. A taxa básica de juros está em 13,75% e é considerada o principal mecanismo de contenção da inflação. As declarações de Campos Neto colaboraram para esfriar as expectativas de que o Copom venha a reduzir a Selic como sinal de confiança na proposta de arcabouço fiscal apresentada por Haddad.
A reação dura, mais uma vez, da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, voltou a fomentar as divergências. A dirigente petista acusou Campos Neto de “fazer política” e cobrou controle da inflação. “São quase dois anos sem atingir a meta, mesmo com juros estratosféricos. O Senado precisa tomar providências”, declarou. Cabe ao senado a eventual destituição do presidente do Banco Central, que tem autonomia no cargo. Da Europa, Lula também voltou às críticas à taxa básica de juros, alegando que ela inviabiliza investimentos e paralisa a economia.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.