André Mendonça: expectativa, diante de cenário indefinido no Senado
Marcello Casal JrAgência Brasil - 29.04.2020Agora aprovado pelos senadores para o STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-ministro da Justiça André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, deve desembarcar na corte já em dezembro e integrar a segunda turma, na qual atuam os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Edson Fachin e Nunes Marques. É esse colegiado que julga primeiro as questões relativas à Lava Jato, conjunto de ações que reúnem acusações contra quase uma centena de políticos e investigados a eles relacionados.
Um dos fatores que causaram resistência ao nome de Mendonça é a incerteza sobre como será sua postura diante dessas ações, originadas no inquérito comandado pelo ex-juiz Sergio Moro.
Colaboram para a incerteza no placar do Senado até o fim da tarde desta quarta-feira (1º), quando o placar ficou em 47 votos a 32, fatores políticos relacionados à indicação. Senadores ouvidos pelo blog avaliam que a marca imposta pelo presidente Bolsonaro ao candidato à vaga de Marco Aurélio Mello, de “terrivelmente evangélico”, terminou por "contaminar o processo". A maioria entende que o cargo de juiz da Suprema Corte não deve ser influenciado por posições religiosas. Mendonça é pastor da Igreja Presbiteriana.
Posições assumidas por Mendonça quando ministro da Advocacia-Geral da União também foram arguidas na sabatina a que foi submetido na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Elas representariam forte grau de vinculação entre o indicado e o presidente Bolsonaro. No entanto, apoiadores de Mendonça rebateram, ressaltando que o papel institucional da AGU é exercer a defesa técnica do chefe do Executivo.
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