Equívocos de interpretação
Percebe-se o despreparo no combate à covid-19: de um lado, os que insistem em negar a gravidade e, do outro, os que alegam respeito à ciência
Eduardo Costa|Eduardo Costa
Durante os quatro meses de pandemia entre nós assistimos a um sem número de bate cabeças e, embora seja natural que tenhamos dificuldade de enfrentamento devido ao ineditismo do vírus, percebe-se claramente o despreparo de governantes e técnicos na tomada de decisões: de um lado, os que insistem em negar a gravidade da doença, conclamando as pessoas a saírem de casa, irem ao trabalho e tocarem sua vida; do outro, aqueles que, por convicção ou esperteza política – considerando que não correr riscos é, naturalmente, mais seguro – simplesmente cerceiam as atividades humanas alegando respeito à ciência.
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Fui à enciclopédia buscar a definição: ciência refere-se a qualquer conhecimento ou prática sistemáticos. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tais pesquisas.
Fui a um artigo especializado buscar informações sobre ciências: elas se dividem em diferentes categorias. Assim, estão presentes nos estudos das ciências sociais e exatas. Ou seja, existem três tipos de ciências (ciências matemáticas, ciências humanas e sociais, ciências sociais aplicadas) que são estudadas e desenvolvidas para justificar e analisar fatos. As ciências matemáticas – também chamadas de lógico-matemáticas, envolvem os estudos da temática, química, biologia, astronomia, geografia física, paleontologia e física. Por outro lado, as ciências humanas e sociais compreendem a sociologia, psicologia, geografia humana, linguística, arqueologia, história e economia. Já as ciências aplicadas envolvem os estudos de jornalismo, direito, engenharia, arquitetura, biblioteconomia e informática. Assim, são ciências que possuem diferenças, porém, com o mesmo intuito. Ou seja, tentam a adequação de métodos a fim de sustentar afirmações.
Onde quero chegar: por mais competentes que sejam, os quatro médicos que decidem o comportamento de Belo Horizonte deveriam estar acompanhados, desde o início, de profissionais de outras áreas, capazes de lembrar aspectos tão importantes como isolamento e distanciamento social. Falo do pequeno, do pequeno negócio, da empresa familiar, única, sem chance de financiamento bancário que vivia do dia a dia e, na pandemia, simplesmente está virando fumaça. São pessoas simples, classe média mesmo, que não tinham um plano B, que estão desesperadas e, por isso, muitos, como salões de barbeiro e mecânicos, desrespeitam o “fique em casa” exatamente quando vivemos o pico da doença.
Faltou sabedoria, tempero, equilíbrio e, em alguns casos, humildade no gerenciamento da crise. O resultado virá em médio e longo prezo, com reflexos os mais graves na nossa insegurança, na nossa miséria, na nossa vida.
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