Os números não mentem: agiotagem
Segundo a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, agiotagem é permitida “desde que se respeite o percentual de juros definido em lei”
Eduardo Costa|Do R7
Agiotagem é permitida, conforme decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, “desde que se respeite o percentual de juros definido em lei”. Que lei? Reza a lenda que a Constituição elaborada 30 anos atrás deixou para lei complementar a regulamentação de juro máximo no ano. Até hoje nada aconteceu. Os mineiros, para variar, estão deitados em berço esplêndido, mas, o líder da indústria paulista Paulo Skaf, cobra aquilo que banqueiro não tem: consciência. O argumento é simples: faz mais de um ano que a taxa Selic está em 6,5% ao ano – índice mais baixo desde a sua criação, em 1979, mas os juros brasileiros continuam nas alturas... No caso do cheque especial, que, teoricamente, é um prêmio ao bom cliente, passaram de 322% em março.
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Outro dado anunciado por Skaf dispensa qualquer conversa: se uma pessoa colocou R$100 na caderneta de poupança em 2009, ele tinha em janeiro último saldo de R$ 192,12; se essa mesma pessoa usou R$100 naquele primeiro mês do ano de 2009, agora, dez anos depois, estava devendo, ao banco, R$ 6.951.065,28. Não, caro leitor, o senhor não entendeu errado: o dinheiro seu, no banco, menos que dobrou, mas, o que o banco te emprestou saiu de R$100 para quase R$7 milhões. É tão absurdo, tão indecente, que dá para chamar de agiotagem, não a permitira e sim aquela que o pai da gente dizia: não se mete com agiota porque ele acaba com sua vida!
Existe alguma dúvida de quem realmente manda no Brasil? Os bancos lideram as grandes forças que nossos analistas econômicos chamam de “Mercado”. É a turma do capital sem risco, do capital vagabundo, que vai aonde o lucro é maior e que se dane o país, que se exploda o povo, que se arrebentem os pobres. Esse “mercado” será mais ou menos genocida dependendo do capital social de uma Nação, do compromisso de seus líderes com sua gente e da vigilância que cada cidadão exerce sobre os homens públicos. Portanto, no fim tudo depende de nós, de nossa postura, nossa preocupação com o futuro de filhos e netos... Se continuarmos achando que política não presta, político é tudo igual, votar é bobagem e o Brasil não tem jeito... Não terá jeito!
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