Avaliamos: Triumph Bonneville Speed Twin um clássico foguete

Depois de pilotar, quando li sua história no texto de lançamento (click aqui), pensei no filme “2001 uma Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick, afinal, estamos falando de um lapso de 80 anos, se no filme o macaco ao jogar o osso para cima, aparecendo na cena seguinte uma nave no espaço, conta-se a história da humanidade, confesso que olhando para a Speed Twin viajei no tempo.

Aliás, é o tipo da moto que antes de montar para pilotar você vai, necessariamente, contemplar sua beleza e a riqueza de detalhes como o belo tanque com capacidade para 14 litros de combustível com tampa com trava estilo Monza, assento de banco, paralama de alumínio escovado, painéis laterais com detalhes de insígnia em alumínio, retrovisores na extremidade do guidão, suportes do farol dianteiro em alumínio forjado anodizado brilhante,ou seja, a moto vem customizada e mesmo assim a Triumph oferece mais de 80 acessórios para o felizardo cliente realizar a sua própria customização. Confesso que não mexeria em nada. É linda, especialmente, na cor Korosi Red e Storm Grey (vermelho), a que fiquei por curtos dias foi a Silver Ice e Storm Grey (cinza), cujas linhas, são pintadas a mão.

A nova (ou o novo, prefiro tratar no feminino) membro da família Bonneville é uma alternativa mais esportiva em relação a T120 e menos radical que a Thruxton, aliás, como bem afirmou meu amigo, também jornalista do Estadão, José Leme: “a Speed Twin é Thruxton mais confortável”.

E com razão, o próprio fabricante menciona que pensou no desempenho da Café Racer Thruxton e no conforto da T120, mas levado ao estilo mais contemporâneo e empolgante.

Não é exagero o termo empolgante que significa cativar a atenção, se entusiasmar. Como já disse, primeira coisa antes de montar é apreciar sua beleza, riqueza de detalhes e depois quando você liga, aflora o entusiasmo do som emanado pelos dois escapamentos pintados de cetim preto e tampas de extremidade de aço inoxidável.

Ao engatar a 1ª marcha você também já vai notar a leveza e maciez da embreagem com assistência de torque que evita travamento em reduções bruscas e depois constatar o bom escalonamento e funcionamento do câmbio. Ao acelerar a leveza do acelerador devido ao ride-by-wire, ou seja, sem cabos que oferece três modos de pilotagem “Sport”, “Rain” e “Road”, atrelados ao controle de tração.

Montado você percebe a boa ergonomia, guidão largo o que gera menos esforço para manobras em baixa velocidade, punhos com tudo no lugar oferecendo pilotagem intuitiva e bom ao toque, pedaleiras levemente recuadas e altas, banco confortável, mais estreito perto do tanque a apenas 807 mm de altura o que facilita a vida dos baixinhos, como este que vos escreve.

Nota: Gostei bastante dos retrovisores na ponta do guidão,além de conferir um estilo Café Race, aumenta o ângulo de visão e é bem mais fácil sua regulagem. Gosto também do painel com ponteiros analógicos para velocidade e rotação do motor, de fácil leitura….

Se não quiser levar um susto caso não esteja familiarizado com máquinas de alta cilindrada, recomendo colocar no modo “Rain”, que aumenta o delay do acelerador. Se já estiver familiarizado, sinta a impressionante aceleração do foguete britânico que despeja torque de 11,42 Kgfm à míseros 4.950 RPM e potência de 97 cv a 6.750 RPM do propulsor de 1200 cc High Power 8 - resfriamento líquido, 8 válvulas, SOHC, ângulo de 270° da manivela com 02 cilindros paralelos TWIN, um motor duplo paralelo Bonneville, especialmente atualizado para a nova Speed ​​Twin, Esse motor revisado de alto desempenho possui uma manivela de baixa inércia e alta cabeça de compressão, desenvolvido a partir do motor da Thruxton R. As atualizações do motor incluem: nova tampa de magnésio do came; conjunto da embreagem revisado; e novas tampas do motor com massa otimizada. Juntas, essas atualizações aliviaram o peso em 2,5 kg em comparação ao motor que equipa a Thruxton, no total são 10 Kg a menos.

Nota: Painel é bonito e de fácil leitura, traz mostradores duplos, detalhados, integram um sistema de menu digital acessado pelo botão de rolagem montado no guidão: configuração do modo de pilotagem, indicador de posição da marcha, hodômetros total e dois parciais, configurações de viagem, indicador de serviço, autonomia do tanque de combustível, nível do combustível, consumo de combustível médio e instantâneo, acesso para desligar os controles de tração, relógio, indicador TPMS (colocado como acessório na concessionária) e indicador de manoplas aquecida (também colocado como acessório na concessionária). Embaixo do banco tem um tomada USB para carregar celular.

Convidei a esposa para tomar um café na Bolsa de Santos na ida pela Imigrantes uma pilotagem, digamos “Easy Rider”, curtindo a estrada, o vento, analisando e sentindo a Speed Twin.

Depois, de já ter constatado uma série de superlativos é hora de apimentar um pouco e na subida pela Anchieta, você nota a que nível excepcional chegou a máquina, a facilidade de condução, a neutralidade em mudanças de direção e em curvas de qualquer raio, a resposta instantânea do acelerador, baixo ruído mecânico, baixa vibração (irrelevante), e o rouco e límpido som...é sem sombra de dúvida encantador.

Diante de tal constatação, você começa a pensar com mais atenção na ciclística dessa moto que oferece um motor irrepreensível, chassi em berço tubular em aço, braço oscilante duplo ou bilateral em alumínio, lembrando que com ou sem garupa a Speed Twin é excelente, neutra, na mão, não senti necessidade de alterar a configuração ou “set up” do duplo amortecedor traseiro com ajuste de pré-carga com curso de 120 mmm, na dianteira garfos de 41mm, também com curso de 120mm, belas rodas de alumínio com sete raios de 17 polegadas, calçadas com pneus Diablo Rosso III na dianteira 120/70 Z e na traseira 160/60 Z, a letra “z” no sistema de índice de velocidade, significa acima de 240 Km/H, ou seja, além do Diablo Rosso III ser excepcional na aderencia e manobrabilidade, casando perfeitamente com a moto, a Triumph optou por um pneu de alta especificação, evidentemente, que pensando muito mais no quanto se despeja de torque do que na velocidade, na minha opinião quando se pensa em segurança viária, mais é muito bem vindo, afinal a 160 km/h em um moto naked a cabeça está quase saindo do pescoço e confesso que não quis fazer teste de bater ponteiro. O faria, com certeza, na reta do autódromo de Interlagos.

Assim como o pneu está acima do uso que se fará da Speed Twin, seus freios são impecáveis, na dianteira discos flutuantes duplos de 305 mm, pinças Brembo de 4 pistões e na traseira disco único de 220 mm, pinça flutuante Nissin de 2 pistões, ambos com ABS que se mostra bem regulado quanto a intrusividade.

Deixo o relato do trecho urbano propositalmente por último, pois com seu entreeixos de apenas 1.430mm somada às características já elencadas de ciclística, motor e freios, é como andar em uma bicicleta, você não passa aperto nos corredores, zigzaguea facilmente entre os automóveis dado seu bom equilíbrio e esterçamento, necessário lembrar que no trecho urbano é sempre bom o baixa velocidade e nisso a Speed Twin permite rodar a 50 km/h em 4ª marcha, o que demonstra a elasticidade do propulsor, o calor emanado do motor nos dias que pilotei não incomodou e para aqueles que pensam em ter uma clássica, eis uma bela opção.

Nota: O conjunto da obra gostei bastante pois quando se soma uma boa ciclística dado o curto entre eixos, bom ajuste de suspensão atrelado as rodas de liga-leve calçadas com excelentes pneus e sobrando motor, o resultado é o que falei no início: empolgante. É isso que buscamos em uma moto que oferece ainda, um acabamento primoroso, rico em detalhes, pensado nos mínimos detalhes, vale cada centavo cobrado nos R$ 47.990,00. Click aqui para ver ficha técnica e ou agendar um test ride.

Nota: Única coisa que não gostei nessa moto, além de não estar permanentemente na minha garagem, é a relação estar do lado direito, sendo necessário cuidado redobrado para lubrificar a corrente e não deixar cair óleo no pneu. O feliz proprietária terá que só fazer em concessionária ou adquirir um cavalete para efetuar o trabalho, se sozinho. 

A sua concorrente direta na proposta é a Kawasaki Z900 RS, então click aqui e leia a matéria e faça sua comparação.