Do câncer à cura com leite, amor e esperança
Após ser diagnosticada com câncer de mama durante a pandemia, Rejane Maria trocou a farmácia pela vida no campo e encontrou na fazenda, nos animais e no trabalho com o leite o apoio que precisava para sua recuperação

Quando recebi o convite da Danone Brasil para conhecer sua fábrica de lácteos, em Poços de Caldas (MG), e uma das fazendas fornecedoras de leite, não pensei duas vezes antes de aceitar.
Visitar indústrias e propriedades rurais sempre revela algo novo: tecnologias, processos, inovações e, principalmente, histórias que emocionam e inspiram. E a partir de hoje, até sexta-feira, convido você, leitor, a acompanhar essa jornada comigo — do campo até a mesa, do leite ao iogurte, com pessoas, empresas e animais que fazem a diferença.
Muito obrigada à Danone Brasil e a todos que cruzaram meu caminho durante essa visita tão especial.
A primeira história que compartilho é a da Rejane Maria, uma mulher de sorriso largo, olhar firme e alma resiliente.
Assim que cheguei à Fazenda Santa Rosa, em Ilicínea, Minas Gerias, foi impossível não notar sua presença vibrante.

Acompanhada do marido Naisser Pinheiro, funcionários da fazenda, técnicos da empresa, e até os vira-latas que circulam livremente pelo pasto, Rejane era o coração pulsante daquele lugar. Farmacêutica por formação, Rejane voltou para a fazenda durante a pandemia, após ser diagnosticada com câncer de mama. O que começou como um simples pedido de ajuda — lavar vasilhas, trocar a ração — transformou-se em paixão, missão e, talvez, sem que ela soubesse na época, o caminho para a cura e para o sucesso do negócio familiar.
Mundo Agro: Por que você voltou para a fazenda?
Rejane Maria: Descobri o câncer de mama durante a pandemia. Eu sou farmacêutica, tinha uma farmácia na cidade. Mas com a imunidade baixa, senti que precisava mudar. Falei com meu marido que queria vir para a fazenda e precisava arrumar algo pra fazer. Comecei bem devagarzinho — lavando vasilhas, trocando ração… Pedi pra me ensinarem, porque eles (funcionários) já estavam aqui antes de mim. Fui gostando, me apaixonando.
Mundo Agro: E quando você começou a se envolver diretamente com a produção leiteira?
Rejane Maria: Fiz um curso de gestão e, a partir dele, comecei a ver tudo com outros olhos. Comecei pelas pessoas e depois fui setor por setor, entendendo as necessidades reais. Às vezes a gente cobra, mas não oferece as ferramentas. Fui pra ordenha, percebi que estava muito calor, então colocamos ventiladores. No inverno, percebi que estava frio demais, então comprei botas térmicas. Primeiro cuidei dos funcionários. Depois, dos animais.
Mundo Agro: Você começou com a gestão de pessoas, incentivo à capacitação...
Rejane Maria: Todos fizeram cursos. Coloquei os certificados deles na parede — porque todos são importantes. Sempre digo que o maior patrimônio de uma fazenda são as pessoas. E isso exige respeito e dignidade.
Mundo Agro: A Danone Brasil é exigente, mas oferece muitos programas de apoio técnico e acesso a crédito. Como tem sido essa parceria?
Rejane Maria: A Danone cobra bastante, sim. Tem que andar na linha, né, Henrique? (risos)(Henrique Volpe é o consultor técnico responsável pela Fazenda Santa Rosa.)
Mundo Agro: E o Naisser, seu marido? Te apoiou desde o início?
Rejane Maria: No começo, ele viajava e eu ficava aqui. Às vezes pedia pra comprar algo pra melhorar o bem-estar das vacas. Nada que um parcelamento em 12 vezes não resolvesse (risos). Comprei mantinhas, usei bambu da fazenda, bolas pra elas brincarem…
Mundo Agro: Você tem uma relação muito próxima com as vacas e os bezerros — até na hora da despedida?
Rejane Maria: Quando o Naisser vende alguma vaca, eu vou lá me despedir. Agradeço pelo leite, pela colaboração nesses anos. Elas têm memória afetiva, sabe? A vaca 819, por exemplo, sempre me procura quando chego no Compost Barn. Ela teve uma manqueira ( provocada por uma bactéria e que causa necrose) e eu cuidei dela com todo amor e agora está ótima.

Mundo Agro: O câncer te trouxe de volta à fazenda. E agora você está perto de tocar o sino da cura. O campo te ajudou nesse processo?
Rejane Maria: Com certeza. Cabeça fresca, abraço que cura… O contato com os animais me ajudou a entender que a vida pode ser mais leve. Eles são inocentes. Eu precisava desse amor, desse sossego, pra melhorar de tudo. A vaca 819 é meu exemplo. Eu dava remédio pra ela a cada 12 horas, sem falhar. Se a dose era às 16h, no outro dia, às 4 da manhã, eu já estava lá.
Mundo Agro: E o que a vaca representa hoje na sua vida?
Rejane Maria: Esperança.
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