Empresa líder em biodiesel celebra avanço ao reaproveitar óleo de cozinha usado
A Binatural reaproveitou, em 2024, mais de 20 milhões de litros de óleo de cozinha usado, reforçando seu compromisso com a sustentabilidade

O Brasil é o quarto maior consumidor de óleo de cozinha do mundo, com um consumo médio de 3,1 bilhões de litros por ano, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE). Estima-se que 25% deste material poderia ser reciclado e transformado em outros produtos como, por exemplo, o biodiesel.
E, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), produzimos um total de 9,07 milhões de metros cúbicos (m³) de biodiesel em 2024. É um volume 20,4% maior se comparado com 2023.
A Binatural é uma empresa brasileira especialista na produção de biodiesel desde 2006 com resíduos de óleo de cozinha. Além do biocombustível, ela também produz glicerina, ácido graxo e borra.
O Mundo Agro bateu um papo com André Lavor, CEO e cofundador da Binatural.

Mundo Agro: Qual a missão da Binatural?
André Lavor: A Binatural é uma empresa especialista em biodiesel e a sua missão é prover energia boa, limpa e renovável, com eficiência e rentabilidade. Para isso, transformamos matérias-primas renováveis em biodiesel, contribuindo para um futuro mais limpo, justo e sustentável. Atuamos promovendo o desenvolvimento socioambiental das comunidades com as quais nos relacionamos, e gerando impacto positivo em toda a cadeia de produção do setor.
Mundo Agro: Em 2024, quanto a empresa usou de óleo de cozinha na produção de biodiesel? Com isso foi possível evitar quanto de contaminação de água?
André Lavor: Em 2024, a Binatural utilizou mais de 20 milhões de litros de óleo de cozinha usado (UCO – Used Cooking Oil) como matéria-prima na produção de biodiesel. Essa iniciativa contribuiu para evitar a contaminação de cerca de 503,3 bilhões de litros de água, considerando que 1 litro de óleo descartado incorretamente pode poluir 25 mil litros de água, segundo estimativas da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Em termos econômicos, essa ação gerou uma economia estimada de R$ 2,01 bilhões em custos de tratamento de água.
O volume de água preservada é equivalente a mais de 201 mil piscinas olímpicas e seria suficiente para garantir o abastecimento de toda cidade de São Paulo, que abriga cerca de 12 milhões de habitantes, por aproximadamente nove meses, considerando o consumo médio no país de 148,2 litros por pessoa ao dia, de acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis). Além de evitar a contaminação, a quantidade de água limpa preservada pela Binatural poderia proporcionar 5 bilhões de banhos, o equivalente a quase 25 anos de banhos diários para toda a população brasileira.
Essa ação reforça o compromisso da Binatural com a preservação dos recursos hídricos e a valorização de resíduos que antes seriam descartados de forma inadequada.
Mundo Agro: Em 2025, qual a projeção?
André Lavor: Nossa projeção para 2025 é ampliar em 20% o volume de óleo de cozinha usado processado, alcançando cerca de 24.159.151 litros de UCO no ano. Isso faz parte de uma estratégia contínua de diversificação de matérias-primas e fortalecimento de parcerias com cooperativas, empresas e redes de coleta, incentivando práticas mais sustentáveis e escaláveis de reaproveitamento de resíduos no Brasil.
Mundo Agro: O Brasil é o 4º maior consumidor de óleo de cozinha no mundo e tem um consumo médio de 3,1 bilhões de litros por ano, segundo a ABIOVE. Deste valor, quanto é reciclado ou poderia ser?
André Lavor: Atualmente, menos de 5% do óleo de cozinha usado no Brasil é reciclado de forma adequada, enquanto o restante é descartado de forma inadequada, por exemplo em pias, ralos ou no solo, causando grandes impactos ambientais. Esse cenário representa um enorme desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. Com políticas públicas mais eficazes, incentivos fiscais e educação ambiental, poderíamos reciclar até 25% de todo o óleo consumido, utilizando esse material para diversos fins, inclusive a produção de biodiesel.

Mundo Agro: Qual a importância de campanhas para a coleta e destino correto desse óleo de cozinha? Ainda tem gente que descarta na água?
André Lavor: As campanhas de conscientização são fundamentais para mudar a cultura do descarte doméstico e industrial. Sim, infelizmente ainda é comum o descarte de óleo em pias, ralos e córregos — uma prática que contamina a água, entope redes de esgoto e agrava problemas ambientais urbanos.
A comparação internacional mostra que temos muito a avançar: países como China, EUA e diversos membros da União Europeia já têm sistemas consolidados de coleta e reciclagem de UCO. Para reverter esse cenário no Brasil, precisamos de uma articulação mais forte entre empresas, poder público e sociedade civil, com campanhas educativas, infraestrutura de coleta e incentivos à destinação correta.
Mundo Agro: Além do biodiesel, esse óleo é usado por vocês para fazer outros produtos. Poderia me falar o quanto representa em porcentagem: exemplo: de x litros de óleo de cozinha, x% vão para biodiesel e x% para esses demais produtos.
André Lavor: Em 2024, a Binatural transformou 100% do óleo de cozinha usado coletado - um total de 20.132.626 litros - em 20.132.626 litros de biodiesel. Essa ação evitou a emissão de aproximadamente 44.291 toneladas de CO₂ na atmosfera, reforçando o papel estratégico da empresa na descarbonização da matriz energética brasileira. Para se ter uma ideia do impacto, esse volume de emissões evitadas equivale ao plantio de cerca de 325 mil árvores ou à compensação ambiental de aproximadamente 2 mil campos de futebol em área verde.
Mundo Agro: É mais uma economia circular, não?
André Lavor: Exatamente. Nosso modelo de negócios é um exemplo prático e escalável de economia circular. Transformamos resíduos em insumos de valor, reinserindo materiais no ciclo produtivo com menor impacto ambiental e geração de renda para diversas comunidades envolvidas na coleta e no processamento. Mais do que produzir biodiesel, a Binatural trabalha para redesenhar relações de consumo, estimular o protagonismo local e ampliar a responsabilidade ambiental coletiva.
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