Elas começaram a fazer bolos e cookies para vender na pandemia
Três empreendedoras contam como transformaram um hobby ou a necessidade de se reinventar durante a crise em negócio
Renda Extra|Márcia Rodrigues, do R7
A família e os amigos da artesã e professora de pintura em tela Gisele Fusco Martins sempre elogiaram seus bolos e faziam encomendas para suas reuniões e festas. Porém, o gosto pela confeitaria se intensificou durante a pandemia do novo coronavírus.
Celso, seu marido, é taxista e precisou parar suas atividades durante o fechamento do comércio e de diversos setores em março do ano passado, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou a contaminação pelo novo coronavírus como pandemia e São Paulo (SP) registrou a primeira morte por covid-19 no país.
Sempre gostei de fazer bolos para festas e%2C coincidentemente em março do ano passado%2C fiz um curso já com a intenção de criar a confeitaria. Daí veio a pandemia e meu marido me incentivou a começar.
Desde então, Gisele fez outros cursos, aprendeu novas receitas com confeiteiros em vídeos no Youtube e criou suas próprias receitas para produzir seus bolos. Decidiu se dedicar à confeitaria de bolos para festas, mas aceita encomenda de bolos caseiros também.
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Seu trabalho é divulgado em sua página na rede social Instagram e por indicação de amigos. Sua página é a gi.fusco. “Todos os meus bolos são artesanais”, diz.
Desemprego a inspirou a resgatar antigo projeto
Depois de ser demitida logo no início da pandemia de uma rede hoteleira em São Paulo (SP) devido à crise gerada no setor pela covid-19, Tricia Gongora Canzi resolveu desengavetar um projeto antigo de empreender na área de alimentação.
Usou o dinheiro da rescisão para criar a Donatupita_docesabor e começar a produzir cookie caseiro com um diferencial: o produto é vendido congelado.
A ideia de fazer e vender cookie congelado veio de uma necessidade pessoal: ter praticidade no dia a dia para conciliar a rotina da filha de 4 anos, os cuidados com a casa e o projeto do seu novo negócio.
“Criança nessa idade demanda atenção. Comecei a preparar pratos e lanchinhos práticos para congelar e facilitar nosso dia a dia e vi que vender cookies desta maneira seria um bom negócio.”
Tricia, então, começou a divulgar o produto no condomínio, para amigos e nas redes sociais. Criou, inclusive, a página Donatupita_docesabor, para ampliar o alcance do seu público.
As entregas são feitas pelo marido após o seu expediente de trabalho ou por ela e a filha se for no próprio bairro.
Por enquanto estou concentrando a comercialização na cidade onde moro%3A São Caetano do Sul [município da região metropolitana de São Paulo]%2C mas quero ampliar o negócio assim que voltarmos à normalidade com a vacinação de toda a população.
Além dos cookies, Tricia também faz pó pronto para capuccino – há, inclusive, opção para intolerantes a lactose – e chococino.
Ela optou por fazer produtos que não são perecíveis para facilitar a logística.
“Por ter uma filha pequena, preciso conciliar minha produção com a rotina dela. Trabalhando com congelados e produtos que têm um bom prazo de validade, eu consigo tocar o negócio com mais tranquilidade.”
Tricia também faz pavês, mas concentra as entregas para o fim de semana.
Trocou papel de parede por bolos caseiros
Kalina Nóbrega Dantas sempre atuou no setor de decoração de móveis e imóveis em Natal (RN). Antes da pandemia da covid-19, ela aplicava papel de parede e aplicava adesivos em geladeiras, fogões, entre outros.
Porém, viu seu negócio paralisar por causa do isolamento social. Com pouco dinheiro para se manter, decidiu ir para a cozinha e começar a produzir e vender “os elogiados bolos da Kaká”, como diziam os amigos.
A frase até inspirou o nome da confeitaria: Bolos da Kaká que tem página no Instagram, a bolo.dakaka.
“Meus bolos já eram famosos entre familiares e amigos porque sempre que ia visitar alguém, levava um para tomarmos café.”
Kalina conta que a produção de bolos é seu principal negócio no momento.
“Não enriquei, mas em tempo de pandemia a minha reinvenção com os bolos da Kaká é o que mais me faz feliz. Financeiramente eu não tenho grande retorno, mas a satisfação de não estar parada no mundo do jeito que está, estou felicíssima.”