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PF apreende equivalente a R$ 200 mil em reais, dólares e euros na casa de secretário do RJ

Washington Reis foi um dos alvos de operação que apura suposta fraude nos sistemas de vacinação do Ministério da Saúde

Rio de Janeiro|Renata Varandas, da RECORD, e Rafaela Soares, do R7, em Brasília

Quantia foi encontrada durante buscas da PF Divulgação/Polícia Federal

A Polícia Federal encontrou cerca de R$ 200 mil em notas de real e moedas estrangeiras na casa do ex-prefeito de Duque de Caxias e atual secretário estadual de Transporte e Mobilidade Urbana do Rio de Janeiro, Washington Reis, durante a operação que investiga a existência de uma associação criminosa suspeita de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde. Esse esquema viabilizou a falsificação do cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com apuração da RECORD, os agentes da corporação encontraram na casa de Reis US$ 7,5 mil, R$ 164 mil e algumas notas de euro, além de seis aparelhos celulares, pen drive e cartão de crédito.

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O mandado de busca e apreensão na casa do secretário foi autorizado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República). A PF investiga se a suposta associação criminosa viabilizou a falsificação do cartão de Bolsonaro e outras pessoas. Além de Reis, a secretária de Saúde de Duque de Caxias, Célia Serrano, foi alvo da operação policial.

Em entrevista à imprensa, Reis negou irregularidades. “Reviraram a casa de cabeça para baixo, não tem nada escondido. Moro aqui em Xerém há 57 anos, desde quando nasci. Eles podem vir 600 vezes”, disse.

O secretário foi questionado se acredita ser alvo de perseguição, mas respondeu que não vai “bater boca com Justiça nem com magistrado”. Contudo, disse que “a gente está sendo vítima”. “Não vou dizer de covardia, porque eu não sou frouxo”, completou.


O R7 tenta contato com a defesa de Serrano. O espaço segue aberto para manifestação.

Notas foram apreendidas durante buscas na casa de Washington Reis Divulgação/Polícia Federal

Entenda

Segundo a PF, os alvos seriam responsáveis por viabilizar a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 no SI-PNI (Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações) e da RNDS (Rede Nacional de Dados em Saúde). A corporação afirma que a ação desta quinta também visou identificar novas pessoas que teriam sido beneficiadas pelo esquema fraudulento.


Primeira fase

Na primeira fase da operação, em maio de 2023, os agentes federais fizeram buscas na casa de Bolsonaro, que criticou a ação. “Não há dúvida de que eu chamo de ‘operação para te esculachar’. Podiam perguntar sobre vacina, cartão, eu responderia sem problema nenhum. Agora uma pressão enorme, 24 horas por dia, o dia todo, desde antes de assumir a Presidência até agora. Não sei quando isso vai acabar”, disse.

Ao todo, na primeira fase foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.


Na época, o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid Barbosa, e os ex-assessores especiais do ex-presidente Sérgio Cordeiro e Max Guilherme foram presos.

Suposto esquema

A PF afirma que as inserções falsas ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 e tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante — no caso, a condição de imunizado contra a Covid-19.

Com isso, os investigados puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlar as restrições sanitárias vigentes impostas pelos poderes públicos (do Brasil e dos Estados Unidos), que visavam impedir a propagação da doença.

A apuração revela que o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a sua pauta ideológica — no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19″.

As ações ocorrem dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação no Supremo Tribunal Federal.

O que dizem os envolvidos

Em entrevista à imprensa, Reis afirmou que deve respeitar o STF. “Eu não tenho nada a dizer. Eu tenho que respeitar o Supremo Tribunal Federal”, disse. Segundo ele, durante o cumprimento do mandado, a PF não encontrou nada relacionado a fraudes em cartões de vacina. “De vacina, zero. O que estava no mandado de busca, zero.”

Por meio de nota, o Governo do Rio de Janeiro afirmou que não existe nada referente à gestão local na investigação e nem fatos que comprometam a conduta de Reis.

“A Operação da Polícia Federal tem como alvo único e exclusivo a obtenção de cartões de vacinação referentes ao município de Duque de Caxias em 2022. Não existe nada referente ao Governo do Rio na investigação e nem fatos que comprometam a conduta do secretário Washington Reis.”

Já a Prefeitura de Duque de Caxias afirmou que não vai comentar o caso.

“A Prefeitura de Duque de Caxias informa que a segunda fase da Operação Venire não teve como alvo nenhum órgão vinculado à municipalidade. Com relação aos mandados dirigidos a pessoas físicas, a Prefeitura não se manifestará considerando o sigilo que recobre os atos nesta manhã realizados.”

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