Após pisar em uma mulher em SP, PMs são afastados da função
Ela seria dona de um bar que estava desrespeitando a quarentena. Vídeos mostram as agressões a ela e a dois homens que estavam no local
São Paulo|Edilson Muniz e Marcos Rosendo, da Agência Record
Os policiais que aparecem nas imagens pisando e arrastando uma mulher durante uma abordagem em Parelheiros, no extremo sul de São Paulo, foram afastados da função. Nas redes sociais, o governador João Doria (PSDB) afirmou, na noite deste domingo (12), que os agentes envolvidos responderão a inquérito que apura os fatos: "As cenas causam repulsa. Inaceitável a conduta de violência desnecessária de alguns policiais. Não honram a qualidade da PM de São Paulo".
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No dia 30 de maio, a abordagem da Polícia Militar terminou em confusão e agressão. Imagens mostram um dos agentes pisando no pescoço de uma mulher já imobilizada no chão.
A PM afirma que foi acionada para ir até um bar na rua Forte do Ladário, em Parelheiros, que estaria aberto e descumprindo o decreto que impôs o estado em quarentena para conter o avanço do coronavírus.
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No local, eles encontraram o bar aberto com quatro clientes consumindo bebida alcoólica. De acordo com relato no boletim de ocorrência, um homem tentou fugir com a chegada dos policiais e, suspeitando da conduta, foram abordados pelos agentes.
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No depoimento, o policial conta que o rapaz se recusou a colocar a mão para trás e o xingou. Segundo os agentes, eles fizeram novamente o cerco quando um dos policiais foi empurrado pelo homem, que tentou correr, mas foi contido e segurado, sendo necessário o uso de força, já que ele se recusou a ser algemado.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, os policiais sentiram que estavam sendo golpeados quando viram uma senhora utilizando uma barra de ferro para agredi-los, acompanhada de outros dois rapazes.
Os agentes teriam conseguido tomar a barra de ferro da mulher e tentado conter os outros dois homens que, supostamente os agrediam. No depoimento, os agentes dizem que durante toda a confusão, a mulher e os outros moradores os xingavam e não obedeciam às ordens de se afastarem.
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Foi solicitado reforço enquanto eles tentavam conter os dois rapazes quando a mulher retornou com um rodo e, segundo depoimento, partiu para cima dos agentes. Um dos policiais então deu uma rasteira na mulher, que caiu. Ela ficou imobilizada no chão e algemada, enquanto os agentes ainda tentavam controlar outros moradores que apareceram.
As viaturas de apoio chegaram e três homens correram. Apenas um dos moradores que lutaram com os policiais foi detido.
Segundo os agentes em depoimento, a mulher se recusou a ser atendida pelo mesmo médico que atendeu aos policiais. Ela foi encaminhada ao Hospital Geral do Grajaú, onde foi detectada fratura na perna.
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Os agentes registraram o caso como desacato, desobediência, resistência e lesão corporal pelo 101° DP do Jardim das Imbuias.
Vídeos da agressão
Durante a abordagem, alguns moradores gravaram com celular a ação dos policiais. Em um dos vídeos, o policial aponta a arma para um rapaz que tira a camisa para mostrar que estava desarmado, enquanto um outro se aproxima dizendo que está filmando.
O segundo mostra um dos agentes, com a mulher já imobilizada no chão da rua, pisando em seu pescoço após já ter fraturado a perna com a rasteira que o agente aplicou. Ele chega a subir depositando todo o peso do corpo no pescoço da mulher caída. Ao final, o policial ainda arrasta a mulher imobilizada pela rua.
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No terceiro vídeo, o agente joga o terceiro detido no chão ao lado dos outros dois, inclusive a mulher, que já estavam imobilizados próximos à viatura.
A Secretaria da Segurança Pública informou, em nota, que um inquérito policial militar foi instaurado em 30 de maio para apurar o caso. Os policiais vão permanecer fora das atividades operacionais até a conclusão das investigações.
O caso é investigado pelo 25° DP. A Secretaria informou também que "não compactua com desvios de conduta de seus agentes e apura rigorosamente todas as denúncias. Desde o último dia 1, policiais militares de todos os níveis hierárquicos participam do programa de treinamento, visando a reforçar os conhecimentos e técnicas da instituição".
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Depoimento do advogado
Felipe Pires Morandini, advogado da mulher agredida, que tem 51 anos e seria a dona do bar, contesta a versão apresentada pelos agentes e afirma que é "estarrecedor o que foi lavrado no boletim de ocorrência em que ela e dois moradores teriam cometido as agressões".
Segundo ele, os primeiros esforços serão para provar a inocência dela por meio dos vídeos, testemunhas e eventuais novas provas que se juntarão ao processo. Além disso, serão tomadas medidas no âmbito criminal se for necessário.
Ainda de acordo com o advogado, o estado de São Paulo não pode tolerar que agentes atuem de forma arbitrária e violenta como agiram os dois policiais.