Manhã de greve em SP tem trânsito acima da média e ônibus lotados
Capital chegou a registrar quase 600 km de congestionamentos; paralisação do Metrô e da CPTM só deve terminar na quarta (4)
São Paulo|Do R7
A manhã desta terça-feira (3) em São Paulo foi de trânsito acima da média, ônibus lotados e dificuldade para a população se deslocar pela cidade com a greve do Metrô, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp.
A paralisação dos funcionários se iniciou à meia-noite desta terça-feira (3) em manifestação contrária aos projetos de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo e de novas linhas de trem e metrô.
O Governo do Estado e os sindicatos envolvidos na greve trocaram acusações, e a previsão é de que os serviços só retornem à normalidade na madrugada desta quarta-feira (4). Veja um resumo do que aconteceu até agora:
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Estações fechadas
As linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata do Metrô permaneceram fechadas durante toda a manhã. Apenas as linhas 4-Amarela e 5-Lilás, privatizadas, funcionaram normalmente.
Na CPTM, as linhas 10-Turquesa, 12-Safira e 13-Jade não abriram as portas. As linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, também sob concessão da iniciativa privada, funcionaram sem interrupções. Já as linhas 7-Rubi e 10-Coral operaram parcialmente.
A estimativa é de que a paralisação afete 4,5 milhões de passageiros que usam essas modalidades de transporte público diariamente.
Rodízio suspenso e mais ônibus
Por causa da greve, a Prefeitura de São Paulo suspendeu o rodízio municipal de veículos e expandiu a frota de ônibus, que vai rodar em eficiência máxima durante toda a terça e com o reforço de 200 coletivos, totalizando 12.134 veículos, disse o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Mesmo assim, os ônibus que passavam pelos principais terminais da capital paulista não deram conta da quantidade de passageiros, e os coletivos apareceram lotados em todas as regiões de São Paulo.
O trânsito também ficou acima da média, com pico de 598 km de congestionamento por volta das 8h. Às 11h30, o número já havia caído para 313 km.
Por conta da oferta reduzida de transporte, passageiros relataram perrengues para chegar a seu destino. As corridas por aplicativo também ficaram mais caras.
O que disse Tarcísio
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou em entrevista coletiva que a população será ouvida futuramente sobre as privatizações no setor de transportes e saneamento básico do estado.
Tarcísio diz que a atual gestão ainda estuda a viabilidade de novas privatizações, mas que audiências públicas serão promovidas para debater o tema com os paulistanos. Os sindicatos exigem um plebiscito para a discussão do assunto.
O governador do estado afirma ainda que a greve promovida pelos sindicatos tem cunho político. Tarcísio também lamentou o fato de a ordem da Justiça de manter 100% das frotas nos horários de pico não ter sido respeitada.
“Uma greve ilegal, abusiva. Uma greve claramente política. Uma greve que tem interesse privativo”, disse Tarcísio. “Essa turma não está respeitando sequer o Poder Judiciário."
O que disse o sindicato
Em resposta ao pronunciamento de Tarcísio, o Sindicato dos Metroviários disse que as falhas constantes no transporte público por trilhos, como descarrilamentos e lentidão, são algumas das razões que motivaram o movimento contrário à privatização de mais linhas de trem e metrô.
“A linha 9-Esmeralda [hoje administrada pela ViaMobilidade] era a melhor avaliada da CPTM, tinha 83% de aprovação das pessoas que utilizavam os serviços. A linha 8-Diamante [também administrada pela ViaMobilidade] era a segunda melhor avaliada. Foram estruturas que tinham um serviço excelente. Agora, a aprovação da linha 9-Esmeralda, por exemplo, caiu para 53%”, pontuou Camila Lisboa, presidente do sindicato, em transmissão ao vivo nas redes sociais.
A sindicalista explica que a privatização das linhas do Metrô e da CPTM pode aumentar a tarifa, “dinheiro este que sai do bolso dos passageiros”. O contrato de concessão de cada empresa é de 30 anos e garante que, durante este período, a companhia receba valores em dinheiro, estejam as pessoas usando ou não o transporte.
“O dinheiro do Metrô público e da CPTM é repassado para essas empresas, mas se todas as linhas forem privatizadas pode acontecer de não ter de onde as companhias privadas tirarem o dinheiro, além das tarifas, e decidirem aumentar o valor da passagem, ocasionando um impacto direto no bolso do passageiro”, menciona.
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