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Última vistoria identificou falhas em 571 viadutos, pontes e túneis de SP

Relatório produzido em 2012 já apontava problemas em diversos locais. Prefeitura afirma que danos não apresentam riscos à população

São Paulo|Márcio Neves, do R7

Técnicos analisaram pontes, viadutos, pontilhões e túneis em toda cidade de SP
Técnicos analisaram pontes, viadutos, pontilhões e túneis em toda cidade de SP Técnicos analisaram pontes, viadutos, pontilhões e túneis em toda cidade de SP

A Prefeitura de São Paulo contratou, em 2012, o que seria a última grande inspeção visual para analisar as condições de 571 viadutos, pontes, pontilhões, passarelas e túneis da cidade de São Paulo. O relatório, obtido com exclusividade pelo R7, apontou problemas relacionados à falta de manutenção e danos em 85% dos locais analisados.

As 3.611 páginas do documento trazem fotos e análises dos técnicos, relatando armaduras (estrutura de aço) expostas, concreto rachado e esfarelando, sinais de ferrugem e desgaste no aço, rachaduras, fissuras, infiltração, guarda-corpos deteriorados, danos por colisão de veículos e até sinais de consertos improvisados em vários dos 390 pontilhões e passarelas, 175 viadutos e pontes, e 6 tuneis visitados pelos técnicos.

Documento tem mais de 3 mil páginas
Documento tem mais de 3 mil páginas Documento tem mais de 3 mil páginas

O viaduto que cedeu no dia 15 de novembro não foi analisado nesta vistoria.

A Prefeitura de São Paulo confirmou os dados do relátorio e afirma que os problemas apontados no documento "não oferecem risco para a população". 

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Leia mais: Prefeitura estima gastar R$ 60 mi para vistoriar viadutos

Engenheiros consultados pela reportagem afirmam que a vistoria deveria ser feita a cada cinco anos e, na sequência, as estruturas com problemas mais evidentes devem ser submetidas a uma análise detalhada com ensaios técnicos para apurar a urgência de obras ou manutenção.

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"A vistoria visual é a primeira etapa. Se você vê alguma coisa, faz uma vistoria complementar onde há problemas, que, por fim, vai gerar uma recomendação para reparos ou até mesmo determinar o escoramento e necessidade de obras mais complexas", afirma o engenheiro Eduardo Millen, diretor da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural).

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O documento foi produzido na gestão do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab. Na época, a prefeitura pagou pouco mais de R$ 538 mil pelo trabalho, que estava previsto na licitação feita pela Secretaria de Obras no mesmo ano. 

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"Uma fissura passa a ser uma trinca, mais cinco anos e passa a ser uma rachadura e, mais cinco anos, pode virar um problema estrutural grave", alerta Millen.

Na semana passada, o atual prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anunciou que fará uma contratação emergencial de vistorias especiais para 185 pontes e viadutos sob a responsabilidade da Prefeitura de São Paulo. Várias dessas 185 estruturas desta lista da prefeitura já apresentavam e figuravam neste relátorio produzido em 2012. 

Problemas em toda a cidade

Problemas apresentados no relatório no viaduto Mercúrio, no centro de São Paulo
Problemas apresentados no relatório no viaduto Mercúrio, no centro de São Paulo Problemas apresentados no relatório no viaduto Mercúrio, no centro de São Paulo

No centro de São Paulo, há indícios de problemas, por exemplo, no viaduto 31 de março, no bairro da Liberdade, e no viaduto Mercúrio, no Parque D. Pedro, que apresentavam, segundo o relatório, sinais de corrosão, fissuras e desgaste do concreto.

Até mesmo o viaduto do Chá, que interliga o Theatro Municipal até a sede da prefeitura de São Paulo, teve problemas apontados pela inspeção.

Já na zona sul da cidade, o complexo viário Maria Maluf, no bairro do Cursino, inaugurado há 18 anos antes da vistoria, apresentava trincas, infiltrações e remendos nas juntas de dilatação (espaço para que o viaduto possa se expandir e retrair com a variação de temperatura).

Leia mais: Covas diz que obra para viaduto que cedeu em São Paulo sai em 15 dias

Na ponte João Dias, em Santo Amaro, uma das principais vias da marginal Pinheiros, sinais de pilares rachados e ferrugens nas estruturas de aço reforçavam a falta de manutenção no local.

Já na zona norte de São Paulo, as pontes do Limão, da Casa Verde e da Freguesia do Ó registravam sinais de desgaste no concreto, juntas de dilatação danificadas, infiltração e sinais de colisão de veículos, também evidenciando necessidade de manutenção e reparos.

As três pontes, inclusive, estão na lista de estruturas que terão vistorias mais detalhadas pela Prefeitura de São Paulo em um contrato emergencial solicitado pelo prefeito Bruno Covas.

Viaduto Alberto Badra, na zona leste: fissuras e concreto esfarelando
Viaduto Alberto Badra, na zona leste: fissuras e concreto esfarelando Viaduto Alberto Badra, na zona leste: fissuras e concreto esfarelando

Na região leste da cidade, um pontilhão na avenida Itaquera, no bairro de mesmo nome, o concreto está esfarelando e as armaduras, estruturas de aço que compõe o viaduto, está enferrujado e exposto ao tempo.

No viaduto Alberto Badra, no bairro da Penha, importante acesso que faz a travessia da avenida Aricanduva para cruzar a linha da CPTM, do Metrô e a Radial Leste, foram encontrados vegetação crescendo nos pilares, armaduras expostas, rachaduras e danos por incêndio.

Pela zona oeste de São Paulo, o viaduto Pacaembu, na Barra Funda, apresentou problemas com armaduras expostas e enferrujadas.

Já a ponte do Jaguaré, no bairro de mesmo nome, o relatório apontou sinais de desgaste no concreto e juntas de dilatação danificadas.

Viaduto Cadeião, na zona oeste: concreto disgregado com armadura enferrujada
Viaduto Cadeião, na zona oeste: concreto disgregado com armadura enferrujada Viaduto Cadeião, na zona oeste: concreto disgregado com armadura enferrujada

Ainda na região oeste, o viaduto do Cadeião, na Vila Leopoldina, registrava uma série de problemas como armadura de aço expostos e muitos sinais de oxidação na estrutura.

O viaduto, inclusive, também será um dos que vão passar pela vistoria especial prevista pela atual gestão da Prefeitura e também virou uma das principais rotas alternativas de tráfego depois do viaduto que fica 500 metros antes ceder.

Túneis e Pontilhões

O documento também traz a análise de pontilhões e passarelas com problemas muito semelhantes aos viadutos e pontes. Os pontilhões, pequenas estruturas em bairros que passam sobre córregos ou avenidas, foram analisados e indicavam que os problemas atingem não só importantes vias da cidade.

A vistoria feita pela Prefeitura em 2012 também analisou seis túneis pela cidade de São Paulo. Em ao menos quatro deles foram encontrados problemas de fissuras, ferrugem, infiltração severa e armaduras expostas.

O túnel Sebastião de Camargo, por exemplo, que cruza a marginal direita e esquerda e o leito do rio Pinheiros, interligando os bairros da Vila Olímpia e Cidade Jardim, foi um dos que apresentavam sinais que exigiam manutenção e uma vistoria mais detalhada.

Fissuras encontradas no túnel Sebastião de Camargo, na zona sul de SP
Fissuras encontradas no túnel Sebastião de Camargo, na zona sul de SP Fissuras encontradas no túnel Sebastião de Camargo, na zona sul de SP

Outro lado

Por meio de nota, a Prefeitura de São Paulo confirmou os dados do relatório e informou que, entre as 571 estruturas analisadas, estão incluídas algumas obras pertencentes ao DER (Departamento de Estradas e Rodagem) e à CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Também afirmou que os danos apontados no relatório não oferecem risco para a população.

A SIURB (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras) afirmou ainda que as fiscalizações de viadutos, pontes, pontilhões, passarelas e túneis "são feitos por meio de vistorias visuais periódicas".

A pasta disse ainda que, no caso dos viadutos, as vistorias visuais têm se mostrado insuficientes e que, "por este motivo, o Chefe do Executivo determinou que seja feito um laudo estrutural de todas as 185 pontes e viadutos pertencentes ao Município".

Sobre os túneis, a prefeitura afirmou que "os serviços de manutenção nos túneis e passagens subterrâneas da cidade são feitos diariamente", mas não comentou a necessidade de intervenções nas estruturas destes túneis pela cidade.

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