'Ainda acreditamos que este surto de varíola do macaco pode ser freado', diz especialista da OMS
Menos de três meses após os primeiros casos no Reino Unido, o mundo se aproxima de 20 mil infecções confirmadas
Saúde|Do R7
A líder do comitê de varíola do macaco (monkeypox) da OMS (Organização Mundial da Saúde), Rosamund Lewis, afirmou nesta terça-feira (26) que ainda é possível conter o surto da doença, que foi detectada em menos de dois meses em 69 países fora das áreas endêmicas da África.
Mais de 17,8 mil casos foram notificados nesses países, segundo o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos.
"Neste momento, ainda acreditamos que este surto de varíola do macaco pode ser freado com as estratégias certas nos grupos certos, mas o tempo está passando, e todos nós precisamos nos unir para que isso aconteça", afirmou Rosamund à agência de notícias Reuters.
A especialista chamou atenção para a necessidade de haver uma comunicação e estratégias direcionadas para grupos que estão sendo mais afetados atualmente, mas sem criar discriminação.
"Como no momento o surto ainda está concentrado em grupos de homens que fazem sexo com homens em alguns países – mas esse não é o caso em todos os lugares –, é realmente importante reconhecer também que o estigma e a discriminação podem ser muito prejudiciais e tão perigosos quanto qualquer outro vírus."
A aquisição de vacinas, por parte de governos, e a aplicação nos grupos mais suscetíveis estão entre as ferramentas de saúde pública mais importantes para conter o avanço da doença.
Rosamund entende que, se houver "discriminação e medo, essas pessoas poderão não se apresentar para ter acesso a diagnósticos e cuidados, e isso certamente poderá prejudicar a resposta [ao enfrentamento do surto]”.
A OMS declarou, no último sábado (23), que a varíola do macaco é uma ESPII (Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional).
Esse alerta é o de nível mais alto da agência e tem como objetivo convocar governos para uma atuação conjunta.
"Nós temos um surto que vem se espalhando rapidamente pelo mundo, por meio de novos modos de transmissão, dos quais sabemos muito pouco", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao declarar a emergência global.
Ele se refere à transmissão por contato sexual, que foi observada em 95% dos casos em um estudo publicado na renomada revista científica The New England Journal of Medicine, na semana passada.
As tradicionais erupções na pele (rashes), observadas em abundância nos pacientes da África, não estão se repetindo nos pacientes fora desse continente.
Em vez disso, pacientes são frequentemente diagnosticados com base em uma única lesão na região genital, perianal ou oral.
Ainda assim, trata-se de uma doença que pode ser transmitida por contato de pele prolongado ou por secreções, como saliva. Dessa forma, o contato próximo com pessoas com suspeita da doença ou diagnóstico confirmado deve ser evitado.