UA pede suspensão de restrição de viagens para países afetados pelo ebola
Organização desdobrará ainda mais para Guiné, Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal
Saúde|Do R7

O Conselho Executivo da UA (União Africana), reunido nesta segunda-feira (8) em caráter de urgência em Adis Abeba, capital da Etiópia, pediu pela suspensão da proibição de viagens aos países afetados pela epidemia de ebola e, no lugar disso, melhorar o controle do vírus.
A cúpula da organização também pediu ajuda financeira e técnica internacional e do continente para os países atingidos pela doença, que já causou a morte de 2.097 pessoas, segundo os últimos dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
De acordo com o comissário da UA para Assuntos Sociais, Mustapha S. Kaloko, em entrevista coletiva ao fim da cúpula, a organização desdobrará equipes de todo o continente para Guiné, Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal com a esperança de "romper o círculo do contágio em seis meses".
A presidente da Comissão da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma, expressou seu medo quanto às dificuldades que atravessam esses países da África Ocidental ― especialmente Guiné, Libéria e Serra Leoa ― e afetem às economias africanas. Desde o começo, alguns líderes africanos manifestaram medo de que a doença possa reverter ou estagnar os lucros econômicos e as melhorias de segurança de alguns países, e especialmente daqueles que acabam de sair de conflitos, como é o caso da Libéria e Serra Leoa. "Devemos garantir que o ebola não se propague para outros países, mediante a aplicação de procedimentos eficazes para detectar, isolar e tratar às pessoas que possam estar infectadas e proteger o resto da população", declarou Nkosazana.
Ebola está se espalhando exponencialmente na Libéria, alerta OMS
Nessa linha, o secretário-executivo da Comissão Econômica da ONU para a África, Carlos Lopes, disse que os países afetados estão sobrecarregados e necessitam do apoio de todo o continente, fundamentalmente em matéria de financiamento e meios para o controle do surto. Segundo ele, a epidemia de ebola terá impacto econômico significativo, que se traduzirá na redução de vários pontos no PIB de Guiné, Libéria e Serra Leoa.
O crescimento econômico da região poderia ser refreado pela redução da atividade mineira, a alteração dos ciclos agrícolas, a restrição do comércio e dos investimentos e o desvio de fundos públicos para combater a epidemia. Os líderes africanos também pediram "precauções" na hora de utilizar no continente um novo remédio curou o ebola em dois doentes americanos, mas que não foi submetido a testes regulamentares, segundo o comissário da UA.
Especialistas da OMS presentes na cúpula explicaram a forma como o vírus se expande e as medidas que os países deveriam tomar para interromper a epidemia, incluindo novos remédios não testados anteriormente. "Houve debates com a OMS sobre como usar estes soros que não seguiram os procedimentos e teste normais.
A OMS nos informou que devemos tomar precauções na hora de utilizá-los, já que ainda não são comercializados", informou Nkosazana. A epidemia de 2014 é a "mais complexa" de ebola que se conhece até o momento. Ao todo, já são quatro mil casos registrados, segundo a OMS.