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Indígenas brasileiros enxergam constelações únicas no céu

Tribos brasileiras contribuem para os estudos astronômicos e para percepção mais ampla das estrelas durante a noite

Tecnologia e Ciência|Pablo Marques, do R7

Constelação indígena Homem Velho
Constelação indígena Homem Velho Constelação indígena Homem Velho

A posição das estrelas no céu pode parecer completamente aleatória para a maioria das pessoas. Porém, um olhar mais atento pode identificar constelações que lembram diversos elementos da natureza. Esses desenhos eram usados no passado para marcar a passagem do tempo e até as estações do ano.

"A maioria dos povos antigos quando deixou de ser nômade para ser sedentária, ou seja, ter uma aldeia fixa, precisava criar um calendário. A maneira que eles encontraram para fazer essa marcação foi por meio do sol, da lua e também das constelações", afirma o astrônomo Germano Afonso.

As constelações da cultura greco-romana, como escorpião, leão, peixes, touro, entre outras, são as mais conhecidas, mas não são as únicas. Ao ligar os pontos brilhantes no céu, os índios brasileiros viam uma ema, um colibri, um cervo e até um homem velho.

Os pajés, segundo Afonso, seriam os responsáveis por identificar as constelações, dar os nomes de acordo com o que era visto na natureza e passar esse conhecimento a diante para os demais membros do grupo.

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Constelação do cervo
Constelação do cervo Constelação do cervo

"A interpretação do céu à noite é diferente para cada povo. Muda de uma etnia para outra e depende da cultura e do ambiente ao redor. Uma tribo na Amazônia pode ver uma constelação que não é possível visualizar no sul do país na mesma posição ou na mesma época do ano", aponta Germano Afonso.

Enquanto as civilizações da mesopotâmia viam a constelação de escorpião, por exemplo, os povos primitivos no Brasil viam no mesmo conjunto de estrelas o boitatá, que é uma serpente de fogo presente na mitologia de vários povos indígenas. 

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"O fogo fátuo é resultado da matéria orgânica em decomposição que vira gás metano e pega fogo espontaneamente criando uma labareda comprida de fogo. Esse fenômeno era compreendido como uma cobra de fogo pelos nativos e essa imagem era identificada também no céu", explica.

Estudo nas escolas brasileiras

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O astrônomo Gemano Afonso trabalha para documentar a cultura oral de pajés de diversas tribos no Brasil. O material coletado alimenta um banco de dados que será utilizado nas salas de aula. Uma lei de 2008 tornou obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena no ensino fundamental e médio nas escolas públicas e privadas. 

O levantamento permite criar recursos tecnológicos para levar esse conteúdo acadêmico para crianças e adolescentes de maneira mais interativa. As constelações indígenas ganharam animações e até versões em realidade virtual para permitir maior interação dos jovens. 

"Em 1614, todos os tupinambás do Maranhão sabiam entender a relação do céu com a terra. Hoje, ocorre um abandono desse conhecimento milenar e por isso precisa ser estudado e documentado", explica Germano.

O astrônomo Germano Afonso esteve presente no Festival Red Bull Basement, no último fim de semana, onde apresentou ao público as constelações indígenas.

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