'Se eu fosse presidente, não teríamos problema com navios iranianos', diz Bolsonaro nos EUA
Declaração foi dada neste sábado (4) durante Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), na área de Washington
Brasília|Do R7*
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, se estivesse no comando do Brasil, "não teríamos esse problema", em relação aos navios de guerra iranianos atracados no porto do Rio de Janeiro. A declaração foi dada neste sábado (4) durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês), emNational Harbor, Maryland, próximo aWashington, nos Estados Unidos.
"Somos um país de paz. Se eu fosse presidente, não teríamos esse problema agora com os navios iranianos", disse Bolsonaro. Anteriormente, o ex-presidente falava sobre a Amazônia e convidou a plateia do maior evento conservador dos EUA a conhecer a região. "Vão conhecer como ela é, não como a imprensa pinta."
No dia 23 de fevereiro, a Marinha do Brasil autorizou dois navios de guerra iranianos a atracar no porto do Rio de Janeiro. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). A ação teve início no dia 26, e os militares devem ficar na cidade até este sábado (4). Concedida pelo vice-chefe do Estado-Maior da Armada, Carlos Eduardo Horta Arentz, a autorização contraria solicitação dos Estados Unidos para que não fosse permitida a entrada das embarcações militares em território brasileiro.
A embaixada americana no Brasil declarou preocupação por parte dos Estados Unidos sobre a presença no Brasil e afirmou que, no passado, os navios iranianos facilitaram ações terroristas e comércio ilícito na região. Em entrevistas a jornalistas em Brasília, a embaixadora Elizabeth Bagley destacou que ,apesar da soberania do Brasil em decidir, "nenhum país" deveria autorizar a ancoragem das embarcações.
O governo israelense divulgou uma nota na última quinta-feira (2) classificando a autorização brasileira como "perigosa e lamentável" e sugerindo que o governo reavaliasse a decisão.
A movimentação das embarcações iranianas vem causando atrito na relação Brasil-Estados Unidos desde a decisão do governo brasileiro em adiar a ancoragem de ambos os navios no país, um dia antes da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para encontrar o presidente americano, Joe Biden.
Em nota, o congressista Michael McCaul, do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, avaliou como "totalmente inaceitável" a decisão do governo Lula. Segundo ele, o correto seria proibir a entrada das embarcações militares: "O Irã busca fazer mais avanços na região, e o presidente Biden deve instar o presidente Lula da Silva a rejeitar totalmente qualquer futura atracação desses dois navios".
Governo brasileiro já ignorou outros pedidos
Não é a primeira vez que o governo brasileiro ignora pedidos de nações aliadas. Recentemente, o país se recusou a atender o pedido para envio de munições à Ucrânia, favorecendo os interesses da Rússia no conflito. Lula, por sua vez, alegou que não valia a pena provocar Moscou e frisou que o objetivo do Brasil é não entrar na guerra.
Em resposta, a Alemanha vetou a exportação de 28 blindados Guarani para as Filipinas. Os tanques brasileiros possuem peças e sistemas de origem alemã. Apesar de serem fabricados em Minas Gerais, o governo alemão tem poder sobre o controle da exportação.
No dia 30 de janeiro, Lula recebeu o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente do país europeu, Frank-Walter Steinmeier, em Brasília. Na ocasião, o petista disse não ter interesse em enviar munição à Ucrânia para uso na guerra e justificou a decisão afirmando que o Brasil "é um país de paz."
A Marinha do Brasil esclareceu que o processo de autorização para a entrada de um navio estrangeiro no país é feito ao Ministério das Relações Exteriores pelo país ao qual as embarcações pertencem. Apenas após a autorização do ministério que a Marinha emite um documento oficial, publicado no DOU, autorizando a ancoragem.
*Com informações da Agência Estado