Polícia do PR indicia mais uma médica por suspeita de mortes em UTI
Apesar de indiciada, Krissia Wallbach está solta
Cidades|Do R7, com Rede Record
Após concluir o inquérito que investiga mortes na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, a Polícia Civil informou que mais uma médica foi indiciada por homicídio qualificado. Segundo a polícia, Krissia Wallbach teria envolvimento nas mortes que Virgínia Helena Soares de Souza, de 56 anos, presa há duas semanas é suspeita de ter ordenado, por meio do desligamento de aparelhos.
A médica foi indiciada por homicídio qualificado e formação de quadrilha, assim como Virgínia, e outros quatro envolvidos no caso, que também estão presos. Diferente dos demais, Krissia está em liberdade porque teria colaborado com as investigações.
A defesa de Krissia não foi localizada para comentar o indiciamento. Já o advogado de Virgínia, Elias Mattar Assad, afirmou a médica foi ouvida no dia 4 de fevereiro e que se manteve calada durante o interrogatório.
O inquérito está sendo analisado pela promotora Fernanda Nagl Garcez, do Caop (Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Saúde Pública). Ela só vai se pronunciar quando decidir se denuncia os seis indiciados, se pede novas diligências ou se arquiva o caso. O prazo máximo para que isso aconteça é segunda-feira (11).
Nesta terça-feira (5), o delegado geral da Polícia Civil do Paraná, Marcus Vinicius Michelotto, disse que os trabalhos de investigação devem continuar, mesmo após a conclusão do inquérito.
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Virgínia, três anestesistas e uma enfermeira estão presos por suspeita de antecipar a morte de pacientes internados na UTI geral do Hospital Evangélico. Nenhum deles confessa qualquer crime e dizem que tudo o que fizeram está de acordo com a ética médica e com a legislação.
Entenda o caso
A chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (PR), um dos mais importantes do Paraná, foi presa no dia 19 de fevereiro por policiais do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde. Virgínia Helena Soares de Souza, de 56 anos, é suspeita de ter praticado eutanásia — antecipar a morte de pacientes internados na unidade.
As investigações começaram há um ano, após denúncias de funcionários do próprio hospital, que é considerado um dos mais importantes da cidade. Ela foi indiciada por homicídio qualificado, por não haver chance de defesa das vítimas.
Virgínia chefiava, desde 2006, a UTI geral do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. O setor fica no quarto andar do prédio, local onde a vigilância sanitária encontrou, em 2012, cinzeiros com cinzas e também bitucas de cigarro.
Em nota divulgada no dia da prisão, o Hospital Universitário Evangélico disse que abriu sindicância interna para apurar os fatos, que reconhece a competência profissional de Virgínia e que “desconhece qualquer ato técnico dela que tenha ferido a ética médica”. Toda a equipe do setor foi trocada.
Também por meio de nota, a médica se disse vítima de ex-funcionários. O filho dela, Leonardo Marcelino, e o advogado, Elias Mattar Assad, disseram que tudo “é um grande erro da polícia” e que as denúncias “são baseadas em depoimentos e não em provas”.
Apesar de estar na UTI do hospital desde 1998 e chefiar o setor há sete anos, Virgínia não era especialista na área. Segundo a polícia, quem assinava por ela como chefe da unidade era outro médico. Ela assumiu o cargo, que era do marido, depois que ele morreu.
No dia 23 de fevereiro, a Justiça expediu quatro mandados de prisão para três médicos e uma enfermeira. Os anestesistas Edson Anselmo da Silva Júnior, Maria Israela Boccato e Anderson de Freitas foram levados à delegacia no mesmo dia. A enfermeira Laís Grossi se apresentou no dia 25 do mesmo mês.
Os médicos presos negam qualquer conduta antiética e foram orientados pelo advogado de Virgínia a ficarem calados. Foi iniciada uma investigação dentro do hospital, inclusive com membros do Ministério da Saúde, para constatar eventuais irregularidades praticadas pela médica ou por outros profissionais.
Nove dias após ser presa, Virgínia Helena foi transferida do Centro de Triagem para o presídio feminino de Piraquara, cidade na região metropolitana de Curitiba. Junto com ela, foi a médica Maria Israela Boccato, também suspeita de envolvimento nas mortes.