Confirmada nesta quinta-feira (27) pela presidente Dilma Rousseff, a nova equipe econômica foi rápida ao se pronunciar para acalmar o mercado financeiro, na tentativa de retomar a confiança internacional para atrair investimentos e possibilitar o crescimento do País.
O futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, elegeu como principal objetivo o estabelecimento de metas de superávit primário para os próximos três anos. De acordo com ele, para 2015 a meta é economizar 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas de um País).
— O superávit primário deve alcançar o valor de, no mínimo, 2% do PIB ao longo do tempo, desde que não haja ampliação do estoque de transferência do Tesouro para instituições financeiras. Em 2015, a melhora não deve nos permitir chegar a um valor acima disso, por isso a meta de superávit será de 1,2% do PIB.
Para 2016 e 2017, a meta do novo ministro da Fazenda é manter uma economia de pelo menos 2% do PIB para pagar os juros da dívida pública.
Reajustar as contas públicas é um dos principais desafios da nova gestão porque, em 2014, o governo gastou mais do que arrecadou e deve terminar o ano com as contas no vermelho.
O anúncio de Levy ocorreu um dia depois de o Congresso Nacional adiar, mais uma vez, a apreciação do projeto de lei que modifica o superávit primário de 2014.
O texto, que libera o governo de cumprir a meta estabelecida, recebeu críticas de vários agentes econômicos, além de membros da oposição. Para acamar os ânimos, Levy deixou claro que o cumprimento da meta é fundamental para o manter o equilíbrio das contas públicas — o que permite, segundo ele, a manutenção dos avanços sociais gerados pelos programas do governo.
— Em 2015, deve se trabalhar com essa meta de superávit 1,2% do PIB. Em 2016 e 2017, não será menor do que 2% do PIB. (...) Alcançar essas metas é fundamental para a retomada da confiança na economia. O ministério da Fazenda reafirma compromisso da transparência de ações e na divulgação [dos dados].
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Quem é Joaquim Levy?
Sucessor do ministro Guido Mantega, que está na pasta desde março de 2006, Levy tem experiência tanto no mercado financeiro quanto no setor público.
Mantega deixará o comando do Ministério da Fazenda em 31 de dezembro como a segunda pessoa a ficar mais tempo no cargo na história do país. Por apenas 15 dias, não alcançará a marca de Fernando José de Portugal e Castro, que ficou no cargo por oito anos, nove meses e 19 dias, entre 1808 e 1816.
Com doutorado pela Universidade de Chicago, um dos principais centros de economistas alinhados com o setor financeiro em todo o mundo, o futuro ministro da Fazenda foi diretor superintendente do Bradesco Asset Management – braço de fundos de investimentos da instituição. Também foi secretário do Tesouro Nacional na gestão do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, entre 2003 e 2006.
No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi secretário adjunto da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, no ano 2000. No ano seguinte, foi nomeado economista-chefe do Ministério do Planejamento, sendo mantido na equipe econômica na transição entre os governos de Fernando Henrique e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Antes de trabalhar no Governo federal, Levy acumulou experiência internacional. De 1992 a 1999, trabalhou no Fundo Monetário Internacional (FMI), onde ocupou cargos no Departamento do Hemisfério Ocidental, encarregado de monitorar as economias do continente americano, e atuou como pesquisador nas Divisões de Mercado de Capitais e da União Europeia. Em 1999 e 2000, foi economista visitante no Banco Central Europeu, onde trabalhou nas Divisões de Mercado de Capitais e de Estratégia Monetária.
Depois que saiu do Governo federal, Levy assumiu a vice-presidência de Finanças e Administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Ficou no cargo sete meses, de abril a novembro de 2006. Em 2007, foi secretário da Fazenda do Rio de Janeiro no primeiro mandato do governador Sergio Cabral. Desde 2010, está no Bradesco.
Formado em engenharia naval, o futuro ministro da Fazenda iniciou a carreira como economista em 1987, quando concluiu o mestrado em economia pela Fundação Getulio Vargas. Dois anos mais tarde, obteve o doutorado em economia pela Universidade de Chicago.
* Com informações da Agência Brasil