O resultado do referendo realizado na Itália neste domingo (4) demonstrou, pela segunda vez neste ano, um fortalecimento de movimentos nacionalistas e populistas de extrema-direita pela Europa.
Após o Brexit, a saída do Reino Unido da UE (União Europeia), a derrota da reforma política proposta pelo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, foi mais um duro golpe para o bloco, explica a professora Denilde Holzhacker, do curso de relações internacionais da ESPM.
— A Europa sempre tem esses momentos de questionamento em relação à integração e, quando isso acontece o argumento contra UE se fortalece. Ou seja, com o resultado do referendo, forças de direita ganham mais força interna. A questão da crise econômica ainda pressiona muitos países e a população começa também a questionar o quanto a política imigratória da UE não atrai mais esses imigrantes.
Referendo na Itália deixa UE em estado de alerta
Líder da extrema-direita da Itália quer eleições em 2017
O M5S (Movimento Cinco Estrelas), fundado pelo humorista Beppe Grillo, passou a ser partido que aparece com mais força neste momento na Itália e defende a saída do país da zona do euro.
— Há uma perspectiva de aumento das forças contra a integração europeia. O partido ganhou força com o referendo e a renúncia de Renzi faz com que se tenha uma lógica de reorganizar o sistema político.
Em 2017, França, Alemanha e Holanda também terão eleições. Caso a extrema-direita vença em Paris e Berlim, pilares de sustentação da UE, o bloco poderá chegar ao fim.
— Para entender o grau e a profundidade do que representa o resultado do referendo, temos que esperar as eleições do ano que vem. Além de acompanhar os jogos internos na Europa, um fator que pode fragilizar mais a UE vai ser a política de Donald Trump nos EUA, principalmente pelo papel da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).