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"É impossível haver referendo na Venezuela em 2016", diz governador aliado de Maduro

Ao R7, governador venezuelano culpa "pressões imperialistas" e valoriza "revolução bolivariana"

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Governador de Mérida é forte aliado do presidente venezuelano
Governador de Mérida é forte aliado do presidente venezuelano Governador de Mérida é forte aliado do presidente venezuelano

Uma das figuras políticas que despontam na Venezuela como importante alicerce para o presidente Nicolás Maduro, que assumiu em 2013, é Alexis Ramirez, 41 anos, atual governador do Estado de Mérida, onde, nesta terça-feira (11), o Brasil enfrenta a Venezuela pelas Eliminatórias da próxima Copa do Mundo de futebol.

Combativo, Ramirez, governador desde dezembro de 2012, também recebe pesadas críticas dos opositores, mas diz que todas as acusações provêm de interesses capitalistas contrários à chamada "revolução bolivariana".

Neste momento o país está sob pressão interna, com a oposição exigindo um referendo revogatório para votar a saída de Maduro, e externa, com Paraguai, Argentina e Brasil ameaçando votar pela retirada venezualana do Mercosul. Segundo eles, a Venezuela não está respeitando as normas democráticas exigidas na legislação do bloco.

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Países manifestam preocupação com referendo revogatório na Venezuela

Ramirez tem acompanhado Maduro em vários eventos, como na recente cúpula de países não alinhados. Em entrevista ao R7, afirma que o seu país tem sido alvo de uma campanha orquestrada por forças conservadoras. E garante que, apesar das dificuldades, o governo está conseguindo reduzir a pobreza do povo, sem desrespeitar os valores democráticos.

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R7 - Por que a Venezuela, antes um país pouco falado pela mídia, se tornou notícia nos últimos anos? Isso é positivo ou negativo?

Alexis Ramirez - Houve uma transformação na consciência de um povo. Quando o povo assume sua historia, sua luta, seu futuro e seu destino, se torna vencedor. Isso nos ensinou o comandante Hugo Chavez (presidente entre 1999 e 2013, quando morreu). Ele dizia: povo organizado tem de criar a consciência para ter uma pátria. Por dois lados a Venezuela é noticia: um porque somos um farol para os povos e outro por contrariar interesses da burguesia, das transnacionais e meios de informação, que dizem que desrespeitamos os direitos humanos, que somos ditadura e todas essas mentiras, porque, quando um povo se une, isso gera muito temor. Os impérios são tigres de papel e o temor os leva a desqualificar as conquistas do nosso povo.

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R7 - Há possibilidade de o referendo proposto pela oposição, na tentavia de tirar o presidente Nicolás Maduro do poder, ocorrer ainda em 2016?

AR - Esse referendo é uma criação da revolução bolivariana, estabelecida na Constituição de 2000, para quando houver necessidade de retirada de um governo tirano, contrário às expectativas do povo, na metade de seu mandato. Há regras. Primeiro, seria necessário que a solicitação, fosse feita entre 10 e 11 de janeiro último dentro do prazo para que em dezembro se pudesse instalar o referendo. Mas não foi feito dessa maneira, a solicitação ocorreu em abril. Esse ano não haverá referendo. É impossível, do ponto de vista legal e constitucional, haver referendo em 2016 no país. Além disso, houve outras irregularidades, como listas de assinaturas com nomes de pessoas que já morreram. Não estamos negando o referendo.

R7 - Como o senhor vê esse momento de crise em que se verifica falta de produtos em vários locais da Venezuela?

AR - Temos problemas e dificuldades, como todos os países do mundo. Nossa economia se fundamenta no tema do petróleo, o mercado é volatil e também o imperalismo norte-americano tem muito interesse em intervir na Venezuela por questões petrolíferas, como já fez em outros países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), no caso Líbia e Iraque.

R7 - A situação continua crítica como em meses recentes?

AR - Apesar da crise e das dificuldades, a Venezuela não sai fazendo política neoliberal. Segue resistindo com dignidade, é um dos poucos países que ainda incrementam salário dos trabalhadores, aumentamos em 300%, e incrementamos em mais de 1000% o bônus alimentação. Seguimos fortalecendo a política de alimentação, com comitês de produção e, apesar dos problemas, nesse momento começamos a superá-los, já se encontra produtos e já está havendo melhor distribuição.

R7 - Um dos principais gargalos, segundo o senhor falou, está na falta de distribuição. Por que isso tem ocorrido?

AR - Já está havendo melhor distribuição, que está fundamentalmente nas mãos do setor privado. Há um lado que quer contribuir, outro está conspirando. Então começamos a agarrar a distribuição nacional também com as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, dentro da união pregada pelo senhor comandante Chavez. Todos nos unimos para poder distribuir não somente produtos, mas também assistência médica. E unidos estamos conseguindo sair dessa situação dificil, que não é mais do que uma grande conspiração por parte da direita e do imperialismo norte-americano. É algo mais político do que econômico.

R7 - Até quando o país tem forças para resistir às dificuldades atuais?

Nós revolucionários vamos resistir tudo o que temos de resistir, resistimos 500 anos aqui até que chegou Bolívar (Simón) e conseguimos a Independência e até que chegou Chavez para trazer ao país o direito à alimentação, saúde, educação e dignidade. Resistimos todos, o quanto for necessário, a golpes de Estado com interesses petrolíferos, a intervenções. Resistiremos sempre.

R7 - A maior crítica à economia venezuelana é que esta é dependente do petróleo. Quando a indústria irá ter força econômica no país?

AR - É um tema que temos de explicar. A Venezuela produz, o que acontece é que, com a revolução, as grandes maiorias tiveram a possibilidade de se incorporar aos programas sociais. Quando Chavez chegou, o país estava completamente hipotecado, com 80% de pobreza. O povo não comia, essa é a verdade, não havia renda. Nós melhoramos esse país e passamos praticamente a ter 80% de pessoas tiradas da pobreza. Agora temos de evoluir na produção. Antes se importava tudo, agora também há importações, é verdade, mas estamos estabelecendo uma política nacional chamada de 15 motores produtivos, para dar condições para a produção nacional ir melhorando.

R7 - O que o senhor diz a respeito das acusações de que o governo da Venezuela não respeita os direitos humanos?

AR - Na Venezuela não há preso politico, isso é completamente falso, há políticos que estão presos porque cometeram crimes, sobretudo Leopoldo Lopez, que já atuou em vários partidos da direita, tem uma tendência fascista e já foi expulso de váiros partidos de centro-direita por sua posição politica. Opositores presos incitaram a violência quando Maduro assumiu o poder, gerando 23 mortos.

R7 - Como o governo sabe quem foram os responsáveis pelos protestos violentos?

AR - Porque muitos organizadores foram reincidentes já que haviam sido anistiados em 2002 pelo comandante Chavez por tentarem promover um golpe de Estado. Em dezembro de 2014, lançaram um plano chamado A Saída, antidemocrático, para tirar Maduro em um mês. E lançaram uma violência terrível, com franco-atiradores que em Mérida mataram um homem da guarda nacional (num total de quatro mortos no Estado). No país os tumultos resultaram em 43 pessoas falecidas, 38 delas defensoras do governo. A Justiça e as instituições estão atuando e os organizadores estão presos. Não são presos politicos, são por delinquência. Sempre estivemos abertos ao diálogo.

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R7 - Qual a solução para a Venezuela sair da crise, na sua opinião?

AR - A única maneira de sair é com justiça social, não se pode sair pela via neoliberal e capitalista, seria crime se fizéssemos isso na Venezuela. Estamos convictos de que a única via para sair é com a organização do povo e dos produtores e fazer o que estamos fazendo, seguir trabalhando temas como o direito da terra ao povo, seguir trabalhando e produzindo dia a dia para gerar riqueza e consumo para o nosso povo, não para 20% da população, mas para 100%.

R7 - O senhor pensa na presidência no futuro?

AR - O comandante Chavez nos ensinou a ser disciplinados e leais, a lealdade é com o povo, com os ideais. Somos uma referência para o mundo em termos de dignidade. Nosso tema é o país, seguramente Maduro seguirá por bastante tempo até que não possa mais continuar. Então o sucederá algum revolucinário (a) que será escolhido pelos métodos estabelecidos. O presidente Maduro é valente, está tranquilo, segue trabalhando normalmente, com empenho e eficiência e vamos apoiá-lo sempre. Se em algum momento nos colocarem para assumir qualquer responsabilidade, ali estaremos, em qualquer espaço, em qualquer tempo, porque somos soldados da revolução.

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