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Explosões perto de mesquitas deixam mais de 40 mortos em cidade libanesa de Trípoli

Uma das explosões ocorreu em mesquita; Líbano sofre as consequências da guerra na vizinha Síria

Internacional|Do R7, com agências internacionais

Prédio ficou destruído após explosão
Prédio ficou destruído após explosão

Duas explosões na área externa de duas mesquitas mataram pelo menos 42 pessoas e deixaram centenas de feridos em ataques aparentemente coordenados na cidade libanesa de Trípoli nesta sexta-feira (23), disseram fontes médicas e de segurança.

As explosões, as maiores e mais mortais em Trípoli desde o fim da guerra civil de 1975-1990 no Líbano, detonaram enquanto as orações da sexta terminavam na maior parte da cidade sunita muçulmana.

Os ataques ocorrem uma semana depois de uma enorme explosão matar pelo menos 24 pessoas em uma fortaleza do movimento xiita militante Hezbollah, em Beirute.

O recente ressurgimento da violência sectária no Líbano tem sido alimentado pela guerra na vizinha Síria. A maior cidade no norte do Líbano é palco frequente de confrontos entre partidários e opositores do regime sírio. De um lado, os sunitas libaneses têm apoiado os rebeldes sírios que enfrentam o presidente Bashar al Assad. De outro, os xiitas, como o Hezbollah, apoiam as tropas de Assad.


Na quarta-feira (21), o comandante do Exército libanês, o general Jean Kahwaji, declarou que suas tropas estavam em guerra total contra o terrorismo, explicando que perseguiam há meses uma célula que prepara carros-bomba, um dos quais explodiu em 15 de agosto na periferia ao sul de Beirute.

Em Trípoli, a primeira explosão ocorreu no centro, perto da casa do primeiro-ministro Najib Mikati, que não estava na cidade, de acordo com os serviços de Mikati.


A segunda ocorreu perto do porto, perto da casa do ex-chefe de polícia Ashraf Rifi, de acordo com uma fonte dos serviços de segurança.

As explosões ocorreram perto de duas mesquitas. A televisão libanesa mostrou uma enorme coluna de fumaça negra subindo para o céu.


Um correspondente da AFP viu corpos carbonizados perto da mesquita de Al Taqwa, localizada em uma das principais avenidas da cidade, e cinco corpos de crianças sendo retirados de uma mesquita.

Muitas pessoas choravam à procura de parentes.

As imagens transmitidas pela imprensa local mostram vários veículos em chamas, homens carregando feridos e fachadas de imóveis completamente destruídas.

Após os atentados, centenas de pessoas se reuniram em frente à mesquita de Al Taqwa gritando palavras de ordem hostis ao Hezbollah xiita e ao regime Assad.

O Hezbollah combate há meses ao lado das tropas do regime sírio contra os rebeldes. O grupo é acusado por seus opositores no Líbano de mergulhar o país em uma onda de violência.

O partido xiita relacionou o duplo atentado em Trípoli à explosão do dia 15, ao citar "um plano para mergulhar o Líbano no caos e na destruição".

"Os responsáveis não querem que os libaneses vivam em paz, eles querem que a máquina de morte ceife a vida de inocentes em todo o Líbano", reagiu Saad Hariri, ex-primeiro-ministro sunita e rival do Hezbollah.

Segundo o comandante do Exército libanês, Jean Kahwaji, a célula terrorista procurada "não visa uma região ou uma determinada comunidade, mas procura provocar conflitos sectários, visando diferentes regiões do ponto de vista religioso e político".

"Está claro que eles [os autores do atentado] querem iniciar uma guerra sectária no Líbano para tirar a atenção do que acontece na Síria". indicou Hilal Khachane, chefe do departamento de ciências políticas da Universidade americana de Beirute.

— Mas eu não acredito que o Líbano vai mergulhar em uma guerra sectária, porque isso não beneficiaria ninguém.

Os ataques, que revivem memórias dolorosas dos atentados com carros-bomba durante a guerra civil (1975-1990), ocorre no momento em que o país não tem um governo por causa de divisões relacionadas com o conflito sírio.

Também acontecem poucas horas depois de Israel lançar um ataque aéreo no sul do Líbano, em retaliação a um ataque com foguetes em seu território, reivindicado por um grupo ligado à Al Qaeda.

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