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Neonazista alemã mantém silêncio sobre acusações de assassinato e terrorismo

Beate Zschäpe é a única sobrevivente do grupo acusado de matar oito turcos e um grego, entre os anos de 2000 e 2007

Internacional|Do R7

Beate Zschäpe teria participado do planejamento dos assassinatos
Beate Zschäpe teria participado do planejamento dos assassinatos

A neonazista alemã Beate Zschäpe permaneceu impassível nesta terça-feira (14) durante a leitura das acusações da Procuradoria de Munique, que a acusou de pertencer a um grupo terrorista e participar de vários assassinatos, por ódio racial e impulsionado pela ideologia nacional socialista.

Beate, de 38 anos e única sobrevivente do grupo Clandestinidade Nacional Socialista (NSU), ficou novamente calada durante toda a leitura das acusações do promotor Herbert Diemer, segundo o qual o grupo buscou "arbitrariamente" suas vítimas e estabelecendo unicamente em que fossem imigrantes, preferencialmente turcos.

O promotor detalhou perante o Tribunal Regional de Munique cada um dos assassinatos cometidos supostamente pelos dois companheiros de Beate - Uwe Böhnhardt e Uwe Mundlos - que mataram oito turcos e um grego sempre com a mesma pistola, uma Ceska.

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A acusada teria participado do planejamento e dos preparativos dos assassinatos e lhes teria proporcionado o local para se esconder.


Além dos assassinatos dos imigrantes, cometidos entre 2000 e 2007, o grupo foi responsável, segundo a promotoria, por dois atentados a bomba, em que 23 pessoas ficaram feridas, assim como em por ataque a dois policiais, em que uma policial foi morta.

A promotoria acusa ainda o NSU 15 de assaltos a bancos, em que Beate teria se encarregado ainda de toda a logística e da questão financeira.


Beate decidiu incendiar a casa onde os três viveram, após o suicídio de seus dois companheiros ao se verem perseguidos pela polícia, em 4 de novembro de 2011, lembrou o promotor. O motivo dos atos foi o ódio racista, imbuído pela ideologia nacional socialista, da acusada, que desejou "sucesso a cada uma das ações" do grupo.

A promotoria acusou ainda outros quatro réus de cumplicidade. Um deles teria fornecido as armas ao grupo e, outro, documentação falsa.

A leitura da acusação aconteceu depois que o Tribunal rejeitou o pedido da defesa, que pretendia uma nova interrupção do julgamento alegando falta de espaço. Os advogados da ré argumentaram que a capacidade da sala é insuficiente, dado o grande interesse midiático no caso, e solicitaram a mudança para uma sala maior.

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Já na abertura do julgamento, na segunda-feira da semana passada, os três advogados de defesa de Beate haviam pedido sua suspensão por parcialidade do juiz, questão que foi posteriormente rejeitada. A existência do NSU veio à tona após a morte dos dois companheiros de Zschäpe, já que até então os assassinatos dos imigrantes haviam sido atribuídos a acertos de contas entre estrangeiros.

A comissão do Parlamento que investiga a NSU atribuiu ontem a uma "falha policial sem precedentes" o fato de que seus membros se mobilizaram impunemente durante 13 anos, apesar de terem cometido dez assassinatos e perpetraram vários atentados a bomba.

O caso desse grupo é reflexo de um "vergonhoso fracasso de várias perspectivas", apontou o presidente da comissão, o social-democrata Sebastian Edathy.

Não há indícios fundamentados que sustentem que a polícia encobriu ou protegeu o grupo, mas sim de uma sequência de erros por parte das forças de segurança frente à extrema-direita, acrescentou Edathy ao apresentar o relatório parcial de suas investigações.

A comissão foi formada no ano passado, após a revelação tardia da existência do grupo, por causa do suicídio de dois de seus membros.

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