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Oposição venezuelana inicia nova ofensiva contra Maduro no Parlamento

Tentativa ocorre após falha de um referendo revogatório em 2016 para tirar o presidente do poder

Internacional|Da Agência Brasil

A oposição venezuelana iniciou nessa quinta-feira (5) seu segundo ano à frente do Parlamento com renovação de sua cúpula e uma nova ofensiva contra o presidente Nicolás Maduro. Maduro já se adiantou, reestruturando seu gabinete em um ano crucial na crise do país. A informação é da Agência France Press (AFP).

Com a transmissão pela TV da sessão interrompida abruptamente pela reapresentação de um ato de Maduro na quarta-feira (4), Julio Borges, um advogado de 47 anos, prestou juramento em substituição a Henry Ramos Allup como presidente do Legislativo, controlado pela oposição.

"Hoje, esta Assembleia se instaura em meio às maiores dificuldades. Vivemos um momento injusto e vergonhoso", disse Borges, ex-líder da bancada opositora e fundador do Primeiro Justiça, partido do ex-candidato à presidência, Henrique Capriles.

Apesar das disputas internas, a Mesa da Unidade Democrática (MUD) traçará um passo a passo na sessão parlamentar que começou ao meio-dia, após o fracasso de seu plano de tirar Maduro do poder com um referendo revogatório em 2016.


O presidente se prepara para a nova etapa do confronto. Na quarta-feira (4), ele reorganizou o gabinete, nomeando o advogado Tareck El Aissimi, de 42 anos, e que se define como "radicalmente chavista", à vice-presidência no lugar de Aristóbulo Istúriz, uma figura-chave porque seria o substituto caso seu mandato seja revogado em um referendo este ano.

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Opositores temiam que as autoridades boicotassem a sessão, argumentando que a Justiça venezuelana - acusada de governista - declarou o Legislativo em desacato e considera nulas suas decisões. Mas deputados chavistas participaram da sessão.


"Um ano se passou um ano e o presidente Maduro continua aqui", comemorou o líder da bancada governista, Héctor Rodríguez.

Promessas socialistas

A oposição deve esclarecer se continuará impulsionando o referendo, depois de o processo ter sido suspenso em outubro passado pelo poder eleitoral, mesmo se não representar mais uma saída do chavismo do poder.

Segundo a lei, se Maduro tivesse perdido um referendo em 2016, eleições presidenciais deveriam ter sido convocadas, mas depois de 10 de janeiro - quando ele completa quatro anos de mandato -, só seria substituído por seu vice-presidente.

A MUD anunciou que vai tentar motivar a pressão social, mas ainda não conseguiu capitalizar o descontentamento com a crise, que levou 78,5% dos venezuelanos, cansados da altíssima inflação e da falta de comida e remédios, a reprovar a gestão de Maduro, segundo a Datanálisis.

Afirmando que este ano será o da "recuperação e expansão da revolução", Maduro mudou a equipe econômica e pediu a El Aissimi que se encarregue da segurança do país e para "lutar contra os terroristas da extrema direita", como chama alguns opositores.

"É o socialismo a via para a salvação da pátria, não o capitalismo, não a burguesia, não esta direita terrorista e criminosa", disse El Aissami, governador do estado de Aragua (centro), ao assumir o cargo.

Para Julio Borges, o que o país precisa é uma mudança radical. "Maduro fez 98 mudanças de ministérios e aí estão os resultados: inflação, escassez, insegurança. É a mesma equipe fracassada", assegurou.

Desafios da oposição

Após avançar nas legislativas de 2015, o apoio à MUD diminuiu, segundo Keller e Associados, de 45% para 38% nos últimos dois meses, devido a erros de estratégia, desconexão social e por iniciar um diálogo com o governo, rejeitado pela metade de seus 30 partidos e muitos seguidores.

"A oposição é desafiada a fazer três coisas: reestruturar sua organização, redefinir sua estratégia e apresentar aos venezuelanos um horizonte claro de solução", disse Jesús Torrealba, secretário executivo da MUD.

Para a oposição, a grave crise venezuelana exige uma mudança de governo, razão pela qual pretendia conseguir, na mesa de diálogo, a reativação do referendo ou uma antecipação das presidenciais de 2018. Mas o chavismo descartou negociar esses temas e, com isso, a oposição congelou o processo e planeja não participar, em 13 de janeiro, da terceira rodada de diálogo, que começou em 30 de outubro, sob a intermediação do Vaticano.

"Borges comprometeu sua palavra comigo em participar do diálogo. Ele mandou dizer: o velhinho louco vai embora. Eu, sim, vou dialogar", afirmou Maduro, desmentido, até o momento, pelo agora chefe legislativo.

Ramos Allup, de 73 anos, manteve em sua gestão um duro enfrentamento com o governo e, nesta semana refutou a volta da MUD ao diálogo, apesar da libertação, desde outubro, de 17 opositores. Segundo a MUD, ainda há uma centena de presos.

"Os desafios da oposição são gigantescos", disse à AFP o analista Luis Vicente León, para quem a MUD deve entender que "sem unidade" e conexão social, nada vai mudar.

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