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Segundo protesto argentino em 15 dias expõe insatisfação contra Cristina Kirchner

Principais centrais sindicais do país pretendem paralisar a Argentina por 24 horas

Internacional|Fábio Cervone, colunista do R7

Cristina Kirchner quando celebrou sua reeleição em dezembro de 2011. Ela vestia preto em luto ao ex-presidente e marido, Néstor Kirchner
Cristina Kirchner quando celebrou sua reeleição em dezembro de 2011. Ela vestia preto em luto ao ex-presidente e marido, Néstor Kirchner Cristina Kirchner quando celebrou sua reeleição em dezembro de 2011. Ela vestia preto em luto ao ex-presidente e marido, Néstor Kirchner

As duas principais centrais sindicais argentinas, a CTA (Central dos Trabalhadores da Argentina) e a CGT (Central Geral dos Trabalhadores), organizaram, nesta terça-feira (20), uma greve de 24 horas para expressar sua oposição às medidas tributárias do governo de Cristina Kirchner. As contestadas propostas devem retirar dos trabalhadores assalariados algumas isenções fiscais e outros benefícios públicos. Inevitavelmente, a paralisação se torna mais um sinal de desgaste da administração "kirchnerista".

Chamado de 20N, o protesto acontece há pouco menos de duas semanas de outra expressiva manifestação popular, ocorrida no dia 8 deste mês, em que milhares de argentinos saíram às ruas em diversas cidades insatisfeitos com a mandatária da nação.

Os dois maiores representantes dos assalariados argentinos, CGT e CTA, contam também com a participação da FAA (Federação Agrária Argentina). Eles terão como principal arma de intervenção os famosos piquetes: interrupção temporária de importantes artérias do transporte local.

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Estão programados 160 pontos de bloqueios em todo país. Em Buenos Aires, as principais entradas da cidade serão ocupadas, enquanto que o transporte coletivo funcionará parcialmente, em alguns casos estará totalmente paralisado. 

Dentre os confirmados para a manifestação, o grupo dos caminhoneiros é um dos mais poderosos e articulados da CGT. Este poder é verdadeiro: sozinho o sindicato em questão pode paralisar a economia, pois o país é profundamente dependente do transporte rodoviário. Outros setores importantes engrossam o coro contra Cristina Kirchner, entre eles os serviços municipais, os bancos e os postos de gasolina também não funcionarão.

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Alguns hospitais e centros públicos de saúde aderiram ao movimento e estarão fechados nesta terça-feira. Além disso, o principal aeroporto da capital, Ezeiza, prevê dificuldades para muitos passageiros ao longo do dia, já que alguns funcionários do setor vão seguir as recomendações dos sindicatos e respeitarão a greve interrompendo muitos voos, atrapalhando sobretudo as conexões locais. 

Motivo da greve

A principal demanda dos sindicatos é que a presidente não autorize o fim de benefício fiscal em vigência. Esta exceção tributária foi responsável pela redução do valor no imposto de renda pago pelos trabalhadores assalariados.

Diante da escassez de capital para manter o equilíbrio fiscal, o governo argentino está desde o início do ano cortando diversos subsídios diretos e indiretos para os cidadãos, como este em questão, para poupar recursos dos cofres públicos e arrecadar mais.

Neste mesmo sentido, os preços de serviços e itens estratégicos para a economia foram descongelados e sofreram grande aumento, pressionando a inflação.

Os trabalhadores acabaram atingidos pelos dois processos (inflação e aumento da arrecadação fiscal), hoje eles estão pagando mais nas tarifas de transporte público, água, luz e etc. enquanto assistem a redução da assitência do Estado.

Com uma inflação não-oficial estimada em 25% ao ano, o poder de compra da classe média e baixa está em constante queda, algo evidente nas ruas do país. Se os cortes de incentivos forem concretizados pela Casa Rosada, o Estado recolherá para si mais dinheiro, e consequentemente, esfriará a inflação ao tirar de circulação parte do consumo individual mensal do trabalhador. 

Por outro lado, dependendo do resultado da mobilização desta terça-feira, Cristina corre o risco de ser obrigada a voltar atrás e manter os benefícios. Alguns sindicatos já avisaram que podem sustentar a greve por mais tempo, caso suas reivindicações não sejam acatadas. Nestas circunstâncias, o governo terá que procurar recursos financeiros em outra fonte.

Sinal de alerta

Com o mercado financeiro internacional ainda fechado para o país, um setor industrial em extinção, uma clara redução da classe média, e uma elite econômica cada vez menor e dependente da produção agrícola, o "kirchnerismo" pode ter empurrado a nação sul-americana para um beco sem saída. 

Ao mesmo tempo que a paciência dos cidadãos se esgota, pressionada, Cristina não consegue mais esconder as dificuldades que enfrenta para administrar as demandas da sociedade. Com isso, mais uma vez, a credibilidade institucional do Estado argentino poderá ser colocada à prova.

Os panelaços e piquetes, atualmente mais frequentes, reativam na memória as dificuldades sofridas pela Argentina nos momentos que antecederam a crise de 2001, e que se desenvolveram desde então até 2003, ano em que Néstor Kirchner tomou posse pela primeira vez e estabilizou a nação, restaurando a ordem. Ninguém deseja que este triste cenário se repita. 

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