Contador nega desvio de dinheiro em empresa de pai de Gil Rugai
Contador foi ouvido durante cerca de 50 minutos durante o julgamento do caso
São Paulo|Vanessa Sulina, do R7
O contador Edson Tadeu de Moura, que trabalhava na empresa de Luiz Carlos Rugai, negou que tenha havido desvio de dinheiro na firma antes de o publicitário, pai de Gil Rugai, ter sido assassinado, em março de 2004. Ele foi ouvido durante cerca de 50 minutos na manhã desta quarta-feira (20), no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, onde acontece o julgamento do caso.
— Para nós, não houve [desvio], mas pode ter havido uma movimentação na conta particular de Luiz Carlos. A contabilidade não tem obrigação de saber sobre os desvios. Formalmente, a contabilidade estava em ordem.
As investigações feitas na época do crime apontaram que Rugai teria dado um desfalque de R$ 228 mil na Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, o réu foi expulso de casa.
Indagado pela acusação sobre esse desfalque, o contador, que trabalhou na empresa entre 1999 e 2000, falou, genericamente, que “pequenos saques se diluem nas contas da empresa”.
— Provavelmente, o Gil era quem tomava conta das finanças pessoais de Luiz.
Moura afirmou ainda que “é de praxe” em empresas que os filhos saibam a assinatura da pai. A testemunha disse também que é comum que "uma pessoa saiba a assinatura de outra”.
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Segundo o contador, Rugai estava afastado havia cerca de dois ou três meses da Referência Filmes quando o pai e a madrasta do réu, Alessandra de Fátima Troitino, foram assassinados. Moura negou ter observado um comportamento esquisito de Gil, que se referia ao dono da empresa como “papai”.
— Gil fazia tudo o que o pai dele queria. Até mesmo contra a minha vontade.
Questionado pelo promotor Rogério Rogério Zagallo sobre o que significa ser filho do dono da empresa, Moura foi categórico: “o filho do dono é o que manda”.
O contador não soube dizer se Rugai, que não era registrado, recebia salário da empresa, mas disse acreditar que ele recebia “algum dinheiro para sobreviver”.
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Relembre o caso
O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.
Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.
O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.
Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.
Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontraram no quarto do rapaz um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.
As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.
Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Rugai responde pelo crime em liberdade e é julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe.
Assista ao vídeo:
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