“Eu não matei, sou inocente”, diz Gil Rugai ao chegar ao fórum para segundo dia de julgamento
Ex-seminarista é acusado de matar o pai e a madrasta em 2004
São Paulo|Vanessa Sulina, do R7
O ex-seminarista Gil Rugai chegou ao Fórum Criminal da Barra Funda por volta das 9h50 desta terça-feira (19) acompanhado pela mãe. Acusado de matar o pai e a madrasta em 2004, ele voltou a dizer que é inocente do crime.
— Eu não matei, sou inocente.
O segundo dia do julgamento do caso está previsto para começar às 10h. Nesta terça-feira, deve ser ouvido o delegado que investigou o caso na época, Rodolfo Chiarelli. As primeiras testemunhas da defesa também podem começar a ser ouvidas nesta terça.
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No primeiro dia do júri, que durou quase nove horas, foram ouvidas três testemunhas: um vigia da rua e dois peritos criminais.
Principal testemunha de acusação contra Gil Rugai, o vigia Domingos Ramos de Oliveira disse na segunda-feira (18) que viu o ex-seminarista sair da casa de seu pai, Luis Carlos Rugai, e da mulher dele, Alessandra de Fátima Troitino, após os disparos na noite do crime. Porém, pressionado pela defesa, ele chegou a se contradizer.
A segunda testemunha ouvida foi o médico legista Daniel Romero Munhoz, que examinou o pé do ex-seminarista dias depois do crime. A pessoa que assassinou as vítimas teria derrubado a pontapés a porta da sala de TV onde estava Luiz Carlos, pai de Gil Rugai. Na época, a perícia concluiu que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato do ex-seminarista, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética dias depois, teria apresentado lesão no pé direito.
Durante o depoimento do perito Adriano Yssamu Yonanime, o último a ser ouvido na segunda-feira, a defesa de Gil Rugai exibiu um vídeo feito pela perícia com um erro. As imagens comparavam a radiografia do pé direito do acusado com um sapato do pé esquerdo. Questionado, Adriano admitiu o erro no vídeo, mas afirmou que no processo, a informação estava certa.
Sumiço
Outro erro apontado pelos advogados do acusado é o desaparecimento do pedaço da porta que teria a marca do sapato do assassino. O item não chegou ao Fórum Criminal da Barra Funda.
De acordo com o perito, o pedaço da porta foi encaminhado ao Instituto de Criminalística, protegido por uma placa de acrílico e de lá teria sido encaminhado ao fórum, mas ele não chegou. Há apenas um pedaço de parte da estrutura da porta.
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Relembre o caso
O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.
Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.
O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.
Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.
Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontram no quarto do rapaz um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.
As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.
Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Rugai responde pelo crime em liberdade e será julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe e por estelionato, em razão do desfalque dados na produtora do pai.
Assista ao vídeo:
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