Mary Vieira Knorr, de 53 anos, apontada pela polícia como a responsável pelas mortes das duas filhas, Paola Knorr Victorazzo, de 13 anos, e Giovanna Knorr Victorazzo, de 14, no mês passado, foi transferida de hospital na manhã desta quarta-feira (2).
A informação foi passada ao R7 pelo delegado Gilmar Contrera, titular do 14º Distrito Policial, responsável pelas investigações, e foi confirmada pela assessoria do HU (Hospital Universitário) da USP.
A Justiça entendeu, com base em relatórios produzidos pelos psiquiatras do HU, que Mary precisa seguir em tratamento, apesar de já ter a sua prisão preventiva decretada. Ela recebeu alta do Hospital Universitário, mas por volta das 7h desta quarta-feira ela foi levada para o Centro de Atenção Integrada em Saúde Mental Philippe Pinel, em Pirituba, na zona norte da capital.
Segundo Contrera, a ida de Mary para a prisão poderia representar perigo para a própria vida dela, o que teria motivado a decisão judicial de mantê-la em tratamento.
— Ela está lá por determinação judicial e vai se manter em tratamento até quando os médicos julgarem necessário. A Justiça se baseou nos relatórios médicos, então, se está recomendado isso, é preciso acatar. Vai que ela se enforca na cadeia, por exemplo. Penso que o psiquiatra insistiu pelo tratamento até para talvez possibilitar alguma mudança do quadro clínico.
“Tenho medo de perder a minha mãe”, postou jovem encontrada morta com a irmã em SP
Família de mãe suspeita pela morte das filhas em SP fala em “surto” e critica indiciamento
O inquérito, já encaminhado para a Justiça e atualmente nas mãos do Ministério Público, ainda terá a adição dos laudos que não ficaram prontos e que estão a cargo do IC (Instituto de Criminalística). Com a autoria dos homicídios já estando clara para a polícia, os elementos técnicos vão ajudar, segundo Contrera, a determinar a causa da morte das meninas (a suspeita é de asfixia) e o dia estimado em que elas ocorreram (possivelmente no dia 12 de setembro, dois dias antes de os corpos terem sido encontrados). O motivo dos crimes ainda não está claro, embora as dívidas de R$ 200 mil que Mary possuía tenham sido relatadas no inquérito.
— Ela segue respondendo por isso, o processo prossegue o seu andamento normalmente. A questão dela ser presa ou seguir em tratamento pode mudar de acordo com a decisão da Justiça mais adiante, ou algum pedido que o advogado dela possa fazer, de relaxamento da prisão ou liberdade, por exemplo. Até termos um laudo mais conclusivo (da saúde mental dela), a situação deverá permanecer como está. Mas a autoria está clara para nós. Se ela tivesse algum álibi, já teria falado.
Mãe suspeita: polícia quer descobrir motivação e causa das mortes de adolescentes
Sequência de tragédias familiares intriga polícia em São Paulo
A reportagem do R7 tentou durante toda a manhã falar com o advogado Lindemberg Pessoa de Assis, que representa a acusada, mas ele não foi localizado.
O Ministério Público confirmou oficialmente na tarde desta quarta-feira a denúncia feita pelo promotor Rogério Zagallo contra Mary pelos assassinatos das duas filhas. Agora a juíza Lizandra Maria Lapenna avaliará se aceita ou não o pedido.
O caso
As adolescentes Paola Knorr Victorazzo e Giovanna Knorr Victorazzo foram achadas mortas na tarde do dia 14 de setembro, após um chamado feito ao Corpo de Bombeiros a respeito de um suposto vazamento de gás na casa da família, no Butantã, na zona oeste da capital. Quando PMs arrombaram a porta da casa, encontraram a suspeita deitada em um sofá, dizendo que as meninas estavam mortas.
Os corpos das adolescentes, já em estado de decomposição, estavam em um quarto, cada uma em um beliche. A polícia ainda aguarda a conclusão dos laudos para saber o que causou as mortes e quando elas aconteceram. O cachorro da família também havia sido morto, com um saco plástico na cabeça, e havia indícios de que o gás da casa tivesse sido aberto.
Assista ao vídeo: