Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Dois meses após o primeiro caso de varíola do macaco no Brasil, planos de saúde ainda não cobrem exame

Agência Nacional de Saúde Suplementar afirma que oferta do teste na rede particular 'ainda é incipiente'

Saúde|Fernando Mellis, do R7

Em laboratórios privados, exame chega a custar R$ 650
Em laboratórios privados, exame chega a custar R$ 650

Faz dois meses que a varíola do macaco (monkeypox) chegou ao Brasil, e praticamente todos os exames que confirmaram os mais de 2.300 casos foram feitos em apenas quatro laboratórios do SUS. Até hoje, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) não incluiu esse teste no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, o que o mantém fora da cobertura dos planos de saúde.

Questionada pelo R7, a agência afirma que "o oferecimento do referido teste diagnóstico na rede privada de saúde ainda é incipiente" e que muitos dos kits ainda precisam ser aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Alguns laboratórios privados já oferecem o exame para detecção do vírus monkeypox, mediante solicitação médica, mas o procedimento chega a custar entre R$ 500 e R$ 650 (a depender do prazo de entrega do resultado).

Um grande número de beneficiários de planos de saúde poderia realizar o exame na rede privada, mas não há interesse do setor em assumir mais essa despesa, na avaliação do advogado José Luiz de Oliveira Jr., sócio do escritório O&S Advogados.


"O SUS precisa ser defendido, mas ele realmente está abarrotado e está realizando um serviço que poderia ser equalizado com as empresas [de planos de saúde]."

Ele entende que a demora da ANS em incluir o exame no rol de procedimentos beneficia somente as operadoras de planos de saúde e diz que seria importante que a agência reguladora estivesse alinhada com as necessidades dos consumidores.


A lentidão da ANS vai na contramão da proposta defendida no fim de semana pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de ampliar a rede de testagem.

Até a semana passada, apenas oito laboratórios públicos processavam todos os exames de monkeypox do país: Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais/Fundação Ezequiel Dias, Laboratório Central de Saúde Pública de São Paulo/Instituto Adolfo Lutz, Laboratório de Biologia Molecular de Vírus do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Laboratório de Enterovírus da Fiocruz/RJ, Instituto Evandro Chagas/PA, Fiocruz/AM, Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) do DF e Laboratório Central do RS.


Oliveira Jr. acrescenta que "não é razoável" o Brasil ser o sexto país do mundo em número de casos de varíola do macaco e não ter até agora uma rede estruturada que inclua SUS e serviços privados para enfrentar a ameaça.

"Deveríamos ter aprendido com o plano de contingência da própria Covid. [...] Temos a possibilidade de erradicar isso quanto antes, mas não é feito por questões que são até de interesse político e econômico. Esses interesses deixam a população exposta", afirma.

O exame

Teste é feito a partir das lesões de pele
Teste é feito a partir das lesões de pele

O teste para detecção do vírus monkeypox é feito a partir da coleta, com um swab (cotonete estéril), de material das lesões de pele ou de mucosa.

Em um Plano de Contingência, o Ministério da Saúde prevê o teste em indivíduos sem essas erupções, desde que sejam "contato de caso confirmado que inicie com quadro de febre e linfonodomegalia [inchaço de linfonodos]".

Nesses casos, a coleta se dará também por swab da orofaringe e da região anal.

Essas amostras são enviadas ao laboratório e processadas em um exame de RT-PCR, a mesma tecnologia dos testes de Covid-19 e que buscam material genético do vírus.

Recomendações

Para as pessoas que tenham diagnóstico confirmado ou suspeita de infecção pelo vírus monkeypox, as recomendações dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA incluem:

• Isolar-se em casa desde o início dos sintomas, especialmente após o surgimento de lesões na pele.

• Evitar contato próximo ou físico com pessoas e animais.

• Cobrir as lesões e utilizar máscara bem ajustada ao rosto sempre que precisar se deslocar a um serviço médico.

• Não compartilhar itens como talheres, roupas de cama e toalhas.

• Evitar contato íntimo, incluindo sexual, com outras pessoas.

• Lavar frequentemente as mãos com água e sabão, especialmente após tocar nas erupções cutâneas.

O período de isolamento só pode ser suspenso quando todas as lesões tiverem secado e uma nova camada de pele nascido nas áreas afetadas. Em casos que transcorrem normalmente, esse período pode variar entre 15 e 28 dias.

Estou com sintomas de varíola do macaco, o que devo fazer? Tire esta e outras dúvidas

" gallery_id="62ed330e416eb92907001e0d" url_iframe_gallery="noticias.r7.com/saude/dois-meses-apos-o-primeiro-caso-de-variola-do-macaco-no-brasil-planos-de-saude-ainda-nao-cobrem-exame-10082022"]

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.