Sara teve de receber um rim após período de hemodiálise
Reprodução/FacebookDesde criança, ela tinha alguns desmaios mas nunca entendeu realmente o que acontecia. Os médicos de Sara Mayany de Oliveira Cavalcanti, hoje com 32 anos, só descobriram a diabetes mellitus 1 no início da sua adolescência, em Goiânia (GO), quando ela entrou em uma nova etapa de vida. Mal sabia que teria de conviver futuramente com dois órgãos transplantados: um rim e um pâncreas.
Comer com restrições, monitorar o tempo inteiro a taxa de glicose no sangue e o comprometimento dos órgãos que a doença poderia causar. Neste dia-a-dia cheio de ameaças, com o tempo, a diabetes foi causando uma doença renal crônica que tornou o transplante urgente.
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Sara tinha pouco apetite, quase não comia e seu peso bem abaixo da média era muito preocupante. Só conseguiu que o transplante fosse realizado em São Paulo, em 2009. O doador foi ninguém menos do que seu irmão, Djalma Aloísio, um ano mais novo. Ela conta que naquele momento percebeu que a relação dos dois era predestinada.
— Sempre nos demos muito bem, sem brigas. E quando foi comprovada a compatibilidade do rim dele, percebi que ele também veio ao mundo com a missão de me salvar. Nosso relacionamento melhorou ainda mais, há um vínculo muito forte que, além dos sentimentos, fica acrescido pelo fato de uma parte dele estar realmente em mim.
Nem tudo, porém, estava resolvido. O ato de amor de Aloísio poderia ser solitário caso uma outra iniciativa generosa não o seguisse para dar um fim ao drama. Era necessário entrar em uma outra etapa.
A diabetes iria, segundo os médicos, atingir o próprio pâncreas, onde normalmente a insulina é produzida, e seria necessário também que Sara recebesse um novo órgão. Aconteceu nove meses depois, após ela se recuperar da primeira cirurgia. Registrada na fila, ela recebeu o pâncreas de um doador desconhecido. Ambos os transplantes foram na Beneficiência Portuguesa.
— Foi um alívio poder voltar a ter uma vida normal. A hemodiálise, que tive de fazer alguns meses, era algo que eu não suportava. Meu corpo não conseguia ficar mais de duas horas com o aparelho, não aguentava a hemodiálise. Só de eu me livrar dessa situação foi uma dádiva. Além de que hoje levo remédios necessários na bolsa mas tenho mobilidade. E nem preciso mais de insulina, já que, com o transplante de pâncreas, superei a diabetes.
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Hoje morando sozinha em Anápolis (GO), Sara conta que, desde que ela realizou os dois transplantes, muita coisa mudou em sua rotina. Além de ser formada em Letras e Pós-graduada em Aprendizagem e ensinamento da língua inglesa, ela resolveu, após as cirurgias, fazer o curso de Nutrição na Faculdade Anhanguera, onde pretende se formar. Mas além da necessidade de realizar exames periódicos, o desejo por conhecimento mostra que Sara quer agora fazer exatamente o que cabe também a um transplantado: aproveitar a vida.
— Não quero me acomodar no fato de ser uma transplantada. Aprendi muito com tudo o que aconteceu. Vejo a vida de uma maneira diferente, valorizando mais as pessoas, cada uma delas, a família e cada momento. Isso é o mais importante. Não quero ser apenas uma transplantada. Quero sim ser uma pessoa plena e uma profissional competente.
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